Washington – A China lançou um míssil a partir de um veículo de deslizamento hipersônico conforme a arma se aproximava de seu alvo durante um teste em julho, noticiou no domingo o jornal britânico Financial Times. Usando uma tecnologia avançada que, até o momento, nenhum país tinha conseguido, o míssil viajou a pelo menos cinco vezes a velocidade do som.
Manobrável e capaz de carregar ogivas nucleares, o veículo de deslizamento hipersônico fez o lançamento na atmosfera sobre o Mar do Sul da China, território disputado e palco de tensões geopolíticas. A façanha surpreendeu os cientistas do Pentágono, que tentam entender como Pequim conseguiu desenvolver e disparar tal arma.
“Não consigo pensar em nenhum precedente técnico para um veículo de deslizamento hipersônico liberando algum tipo de carga, que a reportagem do FT afirma ser um míssil” disse Ankit Panda, especialista de políticas nucleares do Carnegie Endowment for International Peace, à Bloomberg, afirmando que a comunidade internacional não deve presumir que a China tem planos de usar os armamentos, apesar de testá-los.
O FT noticiou no mês passado que Pequim realizou ao menos dois testes de armas hipersônicas, em 7 de julho e 13 de agosto. A Chancelaria chinesa, em resposta, disse que havia testado um “veículo espacial rotineiro” para ver se ele poderia ser reutilizado, posicionamento que foi repetido nesta segunda-feira.
“Após se separar do veículo aéreo antes de seu retorno, os equipamentos de apoio se incendeiam enquanto caem da atmosfera” disse o porta-voz Zhao Lijian.
Os cientistas americanos também debatem qual seria o objetivo do projétil, que foi lançado sem um alvo claro, antes de cair na água: alguns especialistas dizem ser um “míssil ar-ar”, ou seja, lançado por uma aeronave com o fim de destruir outra aeronave. Outros acreditam que seria um armamento contraofensivo que almejava destruir os sistemas de defesa antimísseis de outros países, para que eles não pudessem abater armas hipersônicas chinesas em ação.
As relações sino-americanas estão tensas, com Pequim acusando o governo do presidente Joe Biden de ser hostil. Outros países ocidentais também expressaram preocupação com as recentes demonstrações de poder militar de Pequim.
“Este desenvolvimento é preocupante para nós, como deve ser para todos que buscam paz e estabilidade na região e além”, disse o Conselho de Segurança Nacional do EUA em resposta à reportagem do FT. “Isso aumenta nossas preocupações sobre muitas das capacidades militares que a República Popular da China continua a buscar.”
FONTE: Financial Times/O Globo