Doze militares da Colômbia, incluindo ao menos um general, são passados para a reserva por escândalo de escutas ilegais

Chefe das Forças Armadas colombianas, Luiz Fernando Navarro Foto: Luisa Gonzalez / Agência O Globo




BOGOTÁ – Uma dúzia de oficiais, incluindo um general, foi dispensada do Exército da Colômbia devido a um escândalo de suposta espionagem ilegal de políticos, jornalistas, juízes, sindicalistas e outros militares, informou o Ministério de Defesa do país nesta sexta-feira.

Onze oficiais deixarão o cargo hoje e se aposentarão do serviço ativo; da mesma forma, um general de brigada solicitou sua aposentadoria voluntária do serviço ativo, disse o ministro da Defesa Carlos Holmes Trujillo em entrevista coletiva em Bogotá.

Trujillo afirmou que os militares, cujos nomes e patentes ele não revelou, deixaram a instituição como conseqüência de investigações disciplinares internas pelo “uso irregular das capacidades de inteligência militar”.

As investigações começaram em janeiro após a publicação, no mesmo mês, pela revista Semana, de indicações e depoimentos que envolvem militares na interceptação de telefones e e-mails pessoais, sem ordem judicial e para aparentes propósitos políticos.

Nesta sexta-feira, a nova edição da revista diz que até 130 pessoas foram espionadas, incluindo vários jornalistas americanos.

Um dos militares envolvidos no escândalo disse à revista que recebeu a ordem de entregar as informações reunidas sobre um magistrado a “um renomado político do Centro Democrático”, partido de direita no poder liderado pelo senador e ex-presidente Álvaro Uribe (2002- 10)

O governo de Iván Duque questionou qualquer ilegalidade e anunciou uma investigação interna, que terminou no final de março, disse o comandante das forças militares, general Luis Fernando Navarro, nesta sexta-feira.

Navarro disse também que foi realizada uma adaptação dos protocolos de inteligência, tarefa que, afirmou, foi acompanhada por mais de uma centena de especialistas e “validadores” nacionais e internacionais.

Inúmeras medidas de controle humano e técnico foram implementadas para minimizar as possibilidades de ações impróprias que afetam o bom nome da instituição, os direitos dos cidadãos ou que são contrários à lei, afirmou ele.

Quando as irregularidades foram descobertas, a Promotoria anunciou a abertura de investigações criminais.

Os escândalos de interceptação ilegal envolvendo autoridades colombianas não são novos. O Departamento de Segurança Administrativa (DAS) dissolvido, que dependia da Presidência, esteve envolvido sob o governo de Uribe em um escândalo por espionar irregularmente magistrados.

FONTE: AFP/O Globo

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