Grandes protestos nas ruas venezuelanas continuaram neste sábado, convocados tanto pelo governo quanto pela oposição.
Em Caracas, dezenas de milhares de opositores saíram às ruas. Também na capital e em outras partes do país, outras milhares vestiram-se de vermelho em manifestações em favor do presidente Nicolás Maduro. Há relatos de enfrentamentos e de disparos de bombas de gás lacrimogêneo pela polícia.
O presidente, por sua vez, acusou “grupos fascistas” de fecharem ruas e avenidas do país e de tentarem destituí-lo do governo. “Caso eu não amanheça como presidente, saiam às ruas”, disse a simpatizantes.
Ele também acusou os EUA de interferência na Venezuela.
Já o líder opositor Henrique Capriles discursou em protestos contra o governo, dizendo que acompanhará, na segunda-feira, uma reunião convocada por Maduro com governadores (inclusive os da oposição) e que não aceitará “monólogos” do presidente.
Este sábado foi o 11º dia de protestos no país, que começaram em Caracas em 12 de fevereiro e se estenderam para outras partes do país.
O número de vítimas fatais dos enfrentamentos subiu para dez, com a confirmação, neste sábado, da morte da estudante Geraldine Moreno, de 23 anos, após ser atingida no rosto por balas de borracha na quarta-feira passada.
O anúncio de sua morte se somou à de Santiago Pedroza, 29, funcionário de um supermercado que morreu na noite de sexta-feira degolado, enquanto andava de moto, por um cabo colocado em uma barricada improvisada no leste de Caracas.
Crise
Originalmente, os protestos eram contra os altos índices de criminalidade. Mas problemas como a inflação, a falta de bens de consumo básicos, o mercado negro e os apagões também geraram mal-estar em alguns setores.
Isso sem falar da oposição de direita, que pretende mudar 15 anos de políticas “chavistas” – iniciadas pelo ex-líder Hugo Chávez e continuadas por Nicolás Maduro.
A Venezuela tem uma das taxas de homicídio mais altas do mundo. Grupos da sociedade civil denunciam a impunidade em relação aos infratores e acusam também as milícias armadas.
O país também sofre com a inflação mais alta na região – que chegou a 56,2% em 2013. Produtos básicos como leite, açúcar, medicamentos e até papel higiênico frequentemente não podem ser encontrados nos supermercados.
FONTE: BBC Brasil