Uma análise muito interessante sobre a participação de helicópteros russos no conflito sírio foi feita em um artigo de Emmanuel Huberdeau intitulado “La montee en puissance des helicopteres russes”, publicado na revista «Air&Cosmos».
A partir de setembro 2015 a Rússia participou com as suas forças armadas no conflito sírio, apoiando o regime de Bashar al-Assad. Moscou colocou em primeiro lugar o componente de aviação, que é baseado no oeste do país, no território controlado pelo regime ou a partir de bases na Rússia e Irã para aeronaves com grande raio de ação.
Se, durante a primeira fase da intervenção russa no conflito foram usados principalmente caças e bombardeiros, na segunda mais notável foi o uso de helicópteros, que são os mais avançados no arsenal russo. A análise foi publicada no jornal «Etude sur l’emploi des helicopteres par les Forces armees russes en Syrie», elaborado pelo centro de doutrina e treinamento das forças terrestres do exército francês (Centre de doctrine et de l’enseighement) em setembro de 2016. O documento foi preparado por um oficial da Aviação do Exército unicamente com base em fontes públicas. Portanto, os resultados deste estudo não podem pretender um vasta abrangência, mas eles merecem ser estudados pelos peritos sobre o uso de helicópteros.
Helicópteros modernos
Inicialmente a VKS implantou na Síria os helicópteros Mi-24 e Mi-8. Eles foram, antes de tudo, precisos para encontrar e evacuar aviadores eventualmente abatidos. Em 24 de novembro de 2015 eles foram capazes de realizar tal operação, após o bombardeiro Su-24M ser derrubado por um caça F-16 turco. Estiveram presentes dois Mi-8 e um MI-24, e não muito bem, porque se perdeu um dos dois Mi-8.
Em seguida, a frota russa de helicópteros na Síria foi reforçada por uma nova geração de helicópteros, com Mi-35M, MI- 28N e Ka-52. Sua implantação coincidiu com a retirada dos Su-25 do país. Os helicópteros parcialmente substituíram seu apoio direto às tropas nas operações. Esta evolução da frota de combate e aeronaves coincidiu com uma mudança de estratégia, pois agora a prioridade era o apoio imediato para as tropas de Assad. Os helicópteros adotados tinham capacidades comparáveis ao Su-25, armados com canhões e foguetes. O Su-25 também poderia usar bombas, mas os helicópteros podem ser equipado com mísseis guiados.
Autodefesa
As vantagens do Mi-28N e do Ka-52 são os modernos sistemas e equipamentos de defesa à bordo. Este é um elemento importante para os militares russos, que desde os dias do Afeganistão e na Chechênia temiam o uso de MANPADS como os “Igla”, que são considerados como presentes na Síria. Algumas fontes relataram a presença de MANPADS norte-coreanos, que são baseados em desenhos russos. Grupos insurgentes também foram armados com sistemas de mísseis antiaéreos pesados como o 9K33 “Osa”.
Estes receios têm influenciado os métodos de aplicação dos helicópteros russos. O Mi-24 faz missões em altitudes de 100-200 metros. Todos os helicópteros atiram regularmente contra os alvos durante o suporte. Estas medidas parecem ser eficazes, uma vez que, de acordo com relatórios oficiais, nenhum helicóptero russo foi derrubado ou danificado pela classe de mísseis “terra-ar”.
No entanto, a Rússia perdeu vários helicópteros, por várias razões. Segundo o relatório, a Rússia perdeu seis helicópteros. Além do Mi-8 destruído durante operação de busca e salvamento em 24 de novembro de 2015, um dos Mi-28N caiu em 12 de abril de 2016 em uma colisão com o solo durante voo noturno, quando a tripulação estava usando óculos de visão noturna. Quatro Mi-24 foram destruídos no solo durante o ataque a sua base, o que demonstra a vulnerabilidade das bases em zonas de guerra.
Números-chave
*Grupo de helicópteros até setembro de 2015: 12 Mi-24P, quatro Mi-8
*Depois: quatro Mi-35M, quatro Ka-52, de quatro a oito Mi-28N
*Perdas: um Mi-8, Mi-28N um, quatro Mi-24.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Junker
FONTE:BMPD