USAF planeja um novo bombardeiro de bilhões de dólares

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B-2 Spirit

Quase ninguém acredita que os EUA podem construir um bombardeiro acessível. As Forças Aéreas estão planejando um projeto de bilhões de dólares, mas não abrem o jogo quanto a ele.

Da última vez que as Forças Aéreas dos EUA desenvolveram um bombardeiro, os aviões custaram US$2,2 bilhões cada e não podiam ser guardados na chuva.

O bombardeiro B-2 Spirit, cujo revestimento sensitivo ajuda a tornar mais difícil que seja detectado em um radar inimigo, deve ser abrigado em hangares com climatização controlada em uma base aérea em Missouri. Nenhum dos 20 aviões está no exterior, onde poderia responder melhor e mais rápido em um momento de crise.

Agora, com pouco debate público, as Forças Aéreas estão desenvolvendo um novo bombardeiro que prometem construir com tecnologia avançada por uma fração do preço do B-2. Poucos fora do Pentágono acreditam no preço propagandeado de US$55 bilhões por uma frota planejada de 100 deles.

B-2_Spirit

Conforme as Forças Armadas preparam-se para adjudicar um contrato em meses para construir o novo bombardeiro, também há um debate sobre ele ser ou não necessário em uma era de veículos não tripulados e guerras não convencionais contra forças irregulares.

O avião, que pode não estar pronto para combate até 2030, pode já estar fora de moda em uma era de mísseis relativamente baratos e drones que podem ser construídos a partir de impressoras 3D, disse T.X. Hammes, pesquisador na Universidade de Defesa Nacional dos EUA.

Fácil de combater

“Estamos investindo no modelo antigo de campo de batalha e ignorando a revolução de aviação do “pequeno, inteligente e em grandes quantidades””, disse Hammes. “Vamos construir esse sistema incrivelmente caro que é facilmente combatível” enquanto a tecnologia avançada em satélites ajuda adversários a desmascarar os aviões.

Oficiais das Forças Armadas dizem que críticas não fazem sentido sobre um programa que acabou de começar.

“Já existem as suspeitas usuais, estão nos dizendo que não precisamos disso ou que não vai funcionar”, disse o Major Garrett Harencak, chefe assistente de dissuasão estratégica e integração nuclear. O novo bombardeiro “será acessível e é extremamente necessário”, ele disse.

Tríade nuclear

Oficiais do Pentágono dizem que o novo bombardeiro será necessário para substituir os existentes que estão envelhecendo.

Gordon Adams, professor na American University em Washington que era oficial de orçamento de segurança na administração Clinton disse que “o que é velho não importa” porque você “os usa esparsamente”, e o B-2 e outros bombardeiros continuam a ser atualizados.

O B-2, que voou pela primeira vez em 1989, consegue carregar armas nucleares como parte da tríade “terra-água-ar” que tinha intenção de deter países armados nuclearmente como a Rússia, China e Coreia do Norte.

Além disso, só o B-2 pode carregar as bombas convencionais mais pesadas dos EUA, que seriam usadas se os EUA quisessem atacar alvos como as dependências nucleares no Irã.

O B-2, apesar de ter tido um papel secundário no combate, foi usado na ofensiva a Kosovoa de 1999 e em missões no Afeganistão, Iraque e Líbia. As Forças Aéreas construíram abrigos especiais em Diego Garcia no Oceano Índico.

Os B-52 são considerados “velhos”

Fundos comprometidos

O projeto para construir o bombardeiro é tão secreto que o Departamento de Defesa não discute o trabalho de desenvolvimento que já está ocorrendo ou quem está sendo responsável por ele. Qualquer que seja a empreiteira que realizou o trabalho preliminar “provavelmente possui uma vantagem no contrato de produção”, disse o analista da aviação Jeremiah Gertler do Serviço de Pesquisa Congressional.

As Forças Aéreas já se comprometeram a gastar US$15,1 bilhões até 2020 para desenvolver o novo bombardeiro, sem incluir o trabalho de orçamentos classificados. Os fundos estão crescendo de cerca de US$349 milhões em 2014 para US$1,2 bilhões no ano que vem, de acordo com o último plano de orçamento das Forças Aéreas, e projeta-se que ele cresça todos os anos até atingir US$3,79 bilhões em 2020.

Adicionados em custos de desenvolvimento e inflação nos próximos anos, o preço do bombardeiro pode saltar em quase dois terços para cerca de US$900 milhões por avião nos anos 2030, de acordo com Todd Harrison, um analista de orçamento militar no Centro de Estratégia e Ativos Orçamentários em Washington.

Fantasia selvagem

A estimativa de custos de US$550 milhões é baseada em dólares de 2010 e assume a compra de todos os 100 aviões. Quanto menos forem adquiridos, maior o custo da unidade, da mesma maneira que o preço do B-2 inflou conforme o projeto foi reduzido de 132 para 75 bombardeiro e depois para 20 após o término da Guerra fria.

Hammes, que disse que é uma “fantasia selvagem” acreditar que as Forças Aéreas construam 100 dos novos bombardeiros, previu que o custo por unidade pode subir a US$3 bilhões, mais caro do que o B-2.

O general das Forças Aéreas Paul Johnson disse que o novo modelo terá tecnologias avançadas para permanecer indetectável, mesmo que o B-2 se torne mais vulnerável a defesas aéreas.

Limites de segredos

Depender apenas de armas que necessitam de suportes como mísseis para combater alvos não é adequado, disse Rebecca Grant, que trabalhou no B-2 nos anos 1990 e agora é presidente da IRIS Pesquisa Independente em Washington. “Esses mísseis são inadequados para muitos tipos de serviços”, ela disse.

Ainda assim, a natureza secreta do programa preveniu qualquer discussão pública a respeito de quanto mais um novo bombardeiro poderia fazer, seu custo em comparação com o B-2 e porque ele valeria o investimento de bilhões de dólares.

O senador John McCain, diretor do Comitê de Serviços Armados e crítico de gastos em sistemas de armamentos, disse que precisa ouvir mais sobre o novo bombardeiro.

“As Forças Aéreas precisam fazer o caso, mesmo que tenhamos pessoas classificadas para escutá-lo”, disse o republicano. “Não estou convencido ainda, mas não rejeito o projeto. Quero que eles me convençam”.

FONTE: Portal Infomoney / Bloomberg

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