Ucrânia diz ter retomado cidade sob controle rebelde

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Considerada estratégica no leste, Mariupol foi reconquistada após intensos combates, segundo o governo MARIUPOL, UCRÂNIA

Em meio a pesados combates, forças de Kiev reconquistaram ontem a cidade portuária de Mariupol das mãos de separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia. As forças oficiais também retomaram o controle de uma longa faixa da fronteira entre os dois países.

Os avanços representaram vitórias significativas para a liderança ucraniana pró-Europa em sua operação militar para sufocar a rebelião armada, iniciada em abril. O novo governo, liderado pelo presidente Petro Poroshenko, foi eleito no fim de maio.

Um assessor ministerial disse que as forças oficiais avançaram sobre os rebeldes após eles terem sido cercados.

Pelo menos cinco separatistas e dois soldados foram mortos na batalha e muitos rebeldes fugiram.

Um pequeno grupo de moradores reuniu-se no centro da cidade para manifestar sua oposição às ações do governo. Eles trocaram insultos e gestos obscenos com os soldados ucranianos, que dirigiam pela cidade em uma coluna de caminhões blindados.

“O governo trouxe de tudo para cá, até mesmo um canhão. As pessoas não puderam vir e testemunhar como ele estava atirando nos próprios cidadãos”, disse Andrei Nikodimovich, de 52 anos, à agência Reuters.

Mariupol, que mudou de mãos diversas no conflito, é estrategicamente importante porque por ela passam rodovias principais vindas da fronteira sudeste com a Rússia. Além disso, o aço extraído no país é exportado por seu porto.

Reconquistar o controle da longa fronteira também é vital para Kiev, que acusa Moscou de permitir que rivais atravessem com tanques, veículos armados e armas por ela. Ontem, o Departamento de Estado americano disse que a Rússia continua a enviar armamento para os separatistas, em uma atitude considera inaceitável por Washington.

O ministro do Interior, Arsen Avakov, segundo o qual uma bandeira ucraniana tremulava sobre a prefeitura de Mariupol, explicou que 120 quilômetros de fronteira foram recuperados pelo governo das mãos de rebeles. No entanto, ele não esclareceu quem estava no comando do restante da fronteira, de 2 mil quilômetros de extensão.

Grupos ucranianos pró-Rússia rebelaram-se no leste e sudeste do país, em regiões onde a maioria fala russo, depois que a Rússia anexou, em março, a Crimeia. A crise na Ucrânia teve início em novembro, quando o então presidente Viktor Yanukovich, pró-Moscou, desistiu de assinar um acordo de associação comercial com a União Europeia (UE), despertando uma onda de protestos pelas ruas de Kiev.

Gás. A crise também colocou em xeque os negócios sobre a venda do gás de Moscou para Kiev. Ontem, a Ucrânia afirmou que começou a se preparar para um corte no fornecimento do gás depois que longas negociações sobre preços foram interrompidas entre os países.

A decisão aumentou a expectativa de que os suprimentos para a UE – enviados através do território ucraniano – também sejam interrompidos.

O governo ucraniano ainda tentava, na noite de ontem, organizar novas conversações antes de segunda-feira – prazo que o país tem para começar a pagar bilhões de dólares em contas de gás. Mas Moscou não demonstrou interesse em novas negociações e rejeitou uma nova oferta de compromisso por parte da Ucrânia. O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, emitiu ontem uma ordem para que o setor de energia, ministérios e autoridades regionais se prepararem para os cortes. Interromper o fornecimento de energia agravaria a pior crise política entre a Rússia e a Ucrânia desde a dissolução da União Soviética, em 1991.

FONTE:REUTERS

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