Por Sean Gallagher
Canhão automático 23mm carregado em missões espaciais militares Salyut só foi disparado em uma oportunidade.
Mês passado, o show da TV militar russa, Voennaya Priemka, revelou um dos maiores segredos do programa espacial soviético da década de 70. O Canhão Espacial R-23M. Era uma arma defensiva desenvolvida para acabar com a ameaça das armas anti-satélite dos EUA, e que poderia ser disparada no vácuo espacial. Apesar de se saber que ela foi posta em operação, essa é a primeira vez que ele foi mostrada em público.
Usando imagens do show, Anatoly Zak, do site RussianSpaceWeb.com, criou com ajuda de outros um modelo tridimensional publicado ontem pela Popular Mechanics. Disparado apenas uma vez em toda sua existência, quando a estação se preparava para ser descomissionada e se desintegrar ao entrar na atmosfera, o R-23M serviu a bordo de três estações tripuladas Almaz. O programa Almaz, originalmente desenvolvido nos anos ’60 como um sistema de estações espaciais de reconhecimento com um módulo de retorno para tripulação, foi fundido no programa Salyut dos anos ’70.
O R-23M era baseado no canhão da cauda do bombardeiro Tupolev Tu-22 “Blinder”. Ele pesava 16,7 kg, tinha taxa acima de 950 tiros por minuto, informou Zak, “atirando munições de 200 gramas em uma velocidade de 690 metros por segundo. De acordo com veteranos do projeto Almaz, o canhão espacial perfurou com sucesso um galão de gasolina à um quilômetro e meio durante os testes em solo”.
Mas haviam problemas para se disparar com o canhão. Primeiro, para mirar a arma toda a estação espacial tinha de ser movida para posição de fogo, significando que a tripulação tinha de ter bastante tempo de sobreaviso para usá-la. Uma mira óptica a bordo dava o controle de tiro. A nave também tinha de acionar jatos para contra balancear o recuo do canhão. E o disparo causava vibração excessiva a bordo da estação.
Somente três estações Almaz foram lançadas em órbita. A primeira, OPS-1, teve uma rachadura de casco por causa de uma solda mal feita e nunca foi habitada. A OPS-2, lançada em 1974, teve apenas um tripulante (a nave Soyuz da segunda tripulação sofreu uma pane no sistema de acoplagem e teve de retornar sem poder docar). Três salvas do canhão da OPS-2 foram disparadas remotamente, antes de sua reentrada com cerca de 20 tiros.
Depois da terceira missão tripulada Almaz, o canhão foi abandonado e junto dele, as missões restantes das estações espiãs. Uma versão não tripulada da Almaz operou continuamente até os anos ’90.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Junker
FONTE:arstechnica