Bombardeiros russos carregados de mísseis de cruzeiro X-101 combatem Estado Islâmico
Por Andrei Korabliov
Na última quinta-feira (17), Moscou decidiu novamente pelo emprego de suas Forças Aeroespaciais na campanha militar na Síria e enviou, a partir do aeródromo Ênguels, 835 km a sudeste de Moscou, bombardeiros Tu-95MS.
As aeronaves atacaram combatentes do Estado Islâmico com mísseis de cruzeiro X-101 nos subúrbios das cidades sírias de Idlib e Homs. Os ataques aéreos foram realizados com apoio dos caças Su-33 e Su-30SM a bordo do porta-aviões Almirante Kuznetsov, na costa síria.
De acordo com o Ministério da Defesa russo, as Forças Aeroespaciais atacaram locais de controle, fábricas de produção de armas e armamento do Estado Islâmico.
“As coordenadas de todos os alvos foram confirmadas por vários canais de reconhecimento. Os resultados dos ataques foram monitorados por veículos aéreos não tripulados (VANTs)”, declarou o representante do Ministério, Ígor Konachenkov.
Nova rota de aviação estratégica
Durante todos os voos anteriores, a aviação estratégica russa atravessou o Mar Cáspio, o território do o Irã e o Iraque. Mas, no último voo, os aviões passaram pelo Mar do Norte e pelo Atlântico Oriental, e os mísseis de cruzeiro foram lançados sobre o Mar Mediterrâneo.
Assim, os Tu-95MS voaram um total de 11 mil km, com dois reabastecimentos em voo.
A decisão de dobrar a extensão da rota, porém, não foi eventual, de acordo com o especialista em aviação e chefe do laboratório de sistemas de energia da Universidade de Tecnologia de Informação, Pável Bulat.
“A Forças Aeroespaciais russas estão testando a capacidade da aviação estratégica em espaço aéreo fechado. É essencial saber que os pilotos podem atingir qualquer alvo em qualquer lugar”, diz Bulat.
Mas a Rússia não tem condições de enviar aviação estratégica para a Síria devido aos gastos que isso implica, segundo o presidente do Centro Internacional de Análise Geopolítica, coronel Leonid Ivachov.
“A base aérea Khmeimim, que hoje é utilizada pela aviação militar russa, não é adequada para os bombardeiros estratégicos. A pista é muito curta, a base não tem a infraestrutura necessária”, diz Ivachov.
De acordo com Bulat, o objetivo da última missão foi atacar, simultaneamente, todos os alvos terroristas possíveis.
“É uma tarefa que só pode ser cumprida pela aviação estratégica. Na aviação militar, esse tipo de operação é chamado de ‘ataque aéreo maciço'”, explica. Segundo ele, esse tipo de ataque leva a uma desorganização das tropas do inimigo e dá uma enorme vantagem para tropas terrestres.
“Os bombardeamentos destroem as comunicações de transporte levam ao isolamento das regiões de confronto. Os bombardeiros russos destruíram, por exemplo, diversas refinarias de petróleo e petroleiros do EI”, explica Bulat.
Míssil X-101
O Tu-95MS é um dos principais bombardeiros estratégicos russos, e pode levar os novos mísseis de cruzeiro X-101.
“O X-101 é um míssil de cruzeiro subsônico com alcance de até 5 mil quilômetros. Pode ser lançado a partir de uma altura de até 10 mil metros. O peso da ogiva é de cerca de 400 quilos”, disse uma fonte no complexo militar-industrial que não quis ser identificada.
Segundo a fonte, a Rússia também possui outra versão desse míssil, com uma ogiva nuclear, que é conhecida como X-102.
“O análogo mais próximo do X-101 é o míssil americano de longo alcance AGM-129, que também tem sistema de navegação por satélite GPS e de inércia”, explicou a fonte.
FONTE: Gazeta Russa