Por Diogo Bercito
Grupo de rebeldes diz que ex-ministro da Defesa desertou e foi para Turquia, mas Damasco não confirma. O regime do ditador sírio Bashar al-Assad afirmou ontem ter tomado “todas as medidas” para revidar a ação militar americana esperada para a próxima semana.
“Não vamos mudar nossa posição nem mesmo se houver uma Terceira Guerra Mundial”, afirmou o vice-chanceler Faisal al-Muqdad em uma entrevista exclusiva à agência de notícias AFP.
Muqdad disse também que Damasco poderá atacar alvos na Turquia, em Israel e na Jordânia caso esses países participem de uma operação internacional contra a Síria.
No mesmo dia, a rede de TV saudita Al Arabiya havia noticiado que as forças de segurança da Jordânia estão em estado de alerta. O canal teve acesso especial a uma base aérea e diz que o Exército jordaniano prepara os seus planos de contingência.
A Jordânia já afirmou publicamente diversas vezes que não irá servir de base para o lançamento de uma ação, apesar de a monarquia do rei Abdullah 2º se opor ao regime de Assad. Apesar disso, há receio de que o país seja alvo da retaliação síria, após o esperado ataque americano.
Os Estados Unidos ainda têm de discutir e votar no Congresso a intervenção, motivada pelo suposto uso de armas químicas pelo regime de Assad.
Autoridades militares têm sugerido, também, que há a possibilidade de hostilidade contra os campos de refugiados sírios na Jordânia, como punição do regime. Na região de fronteira, a presença militar é constante, como observado pela reportagem da Folha.
Entre as imagens divulgadas pela Al Arabiya estão jatos tipo F-16 em um treinamento excepcional. As Forças Aéreas da Jordânia são consideradas das mais potentes nessa região.
O governo de Abdullah 2º tem também apoio militar americano, com mísseis antiaéreos Patriot estacionados na fronteira e treinamento específico para as Forças Armadas locais. Além disso, a monarquia jordaniana conta com lançadores avançados de foguetes, capazes de uma rápida identificação de alvos.
SÍRIA
A proximidade de uma ação contra bases militares tem causado grande tensão na Síria, com relatos do abandono de casas. A população estoca alimentos diante da expectativa dos ataques.
Tornaram-se frequentes, nessa etapa da insurgência, os relatos de deserções no Exército. Ontem, o grupo de oposição Coalizão Nacional Síria disse que o ex-ministro da Defesa Ali Habib, parte do círculo próximo de Assad, fugiu para a Turquia. A deserção não foi confirmada.
A insurgência contra o regime de Assad foi iniciada em março de 2011, com manifestações pacíficas. A partir da repressão violenta, a oposição tornou-se um conflito civil que já deixou mais de 100 mil mortos, de acordo com as Nações Unidas.
A Jordânia recebeu o segundo maior número de refugiados sírios, hoje estimado pela ONU em 515 mil.
FONTE: Folha de São Paulo