Por Oleg Kaptsov
Tomar as ilhas Malvinas não seria uma tarefa fácil. Para fazer isso, primeiro é necessário lidar com a frota britânica, que em termos quantitativos (e, o que é mais perigoso, qualitativamente) é superior em diversos aspectos a maioria das marinhas do resto do mundo.
Como é atualmente a Marinha Real (RN)?
Será que a Glória de outra hora desapareceu? Fragmentos de um grande passado, deitado no túmulo de um grande império? Negativo.
Os britânicos são especialistas em assuntos marítimos. Eles são um dos poucos que lutaram no mar nos últimos 70 anos, e conquistaram uma vitória em mar aberto, a uma distância de 12.000 quilômetros de suas praias.
Além disso, são os únicos que usaram submarinos nucleares em batalhas navais (o submarino Conqueror afundou o cruzador argentino General Belgrano). Além de ataques com mísseis contra a Iugoslávia e no Iraque, utilizando o SLCM “Tomahawk”. Vale a pena ressaltar que a RN foi o único dos aliados dos Estados Unidos, que recebeu armas táticas de longo alcance nos últimos 30 anos.
Eles conseguiram sucesso interceptando um míssil anti-navio em combate (durante a Guerra do Golfo, em 1991, pelo destróier Gloucester).
A Marinha Britânica possui o helicóptero mais veloz do mundo em serviço (Westland Lynx, com o recorde de 400 km/h). É uma das poucas marinhas a operar o sistema anti-aéreo marítimo PAAMS. Seus navios são movidos pelas mais poderosas turbinas a gás existentes (Rolls-Royce MT30, capacidade de 50.000 hp.), e submarinos equipados com um sonar, capaz de distinguir alvos do outro lado do oceano (de acordo com os seus desenvolvedores, o “Sonar 2076” é capaz de ouvir o barulho dos hélices do “Queen Mary 2″à uma distância de 3.000 milhas).
Porta aviões classe Queen Elizabeth
Junto com a Classe “Ford” dos EUA, os porta-aviões ingleses da Classe “Queen” são os projetos mais avançados dessa classe de navios na atualidade. Perdendo para o projeto americano em tamanho (65 vs. 100 mil toneladas), porém, o porta-aviões britânico quase excede o seu aliado no número de tecnologias avançadas incorporadas em seu projeto.
Apesar dos atrasos do F-35B e a decisão de não equipar o Queen Elizabeth com catapultas, esse é um meio que hoje oferece não somente as vantagens de um Porta-aviões, mas também pode ser utilizado como um porta-helicópteros, navio de assalto, navio da controle de área, dentre outras tarefas (podendo inclusive acomodar em torno de 250 fuzileiros navais)
Sem dúvidas o projeto “Rainha Elizabeth” é cheio de decisões controversas. Mas é importante entender que sob a perspectiva da questão frota doméstica é simples: Um porta-aviões mesmo no cais, ainda é um porta-aviões.
Destroyers de Defesa Aérea Type 45 classe “Daring“
São tidos como os navios mais avançados do mundo da sua classe, e sem dúvida uma alternativa real aos “Aegis” dos EUA.
Encarregados de providenciar a defesa aérea – a maior prioridade de cruzadores e destróieres. Moderno, o “Daring” é otimizado para esta tarefa complexa com seus dois radares de longo alcance, um dos quais é colocado no topo de um mastro de 30 metros, e sistema de defesa aérea integrado S-PAAMS utilizando o míssil “Aster” de orientação ativa.
Apesar de sua especialização, o “Daring” é um navio polivalente, com canhões, helicópteros e sistema de sonar. Em tempos de paz, em serviço está sendo subutilizado, já que existe espaço a bordo reservado para a instalação de 12 lançadores para mísseis “Tomahawk”, bem como provisões para a instalação de mísseis “Harpoon” e meios de auto-defesa ativa.
Fragatas “Type 23” classe “Duke”
Com o deslocamento de 5.000 toneladas e capacidade de patrulhar todos os oceanos do mundo, esses meios são os “Cavalos de Batalha” da frota. Com excelente alcance, são capazes de se contrapor ameaças rapidamente com seus mísseis antiaéreos de curto alcance, mísseis superfície-superfície, canhões e helicópteros.
Esses navios foram construídos na década de 90 e agora serão substituídos por navios “Tipo 26” (Global Combat Ship – GCS). Esses navios serão construídos com lançadores de propósitos múltiplos “SiKeptor” para o CD “Tomahawk” dentre outros armamentos. Equipados com alta tecnologia, incluindo drones, turbina a gás R & R MT-30 e avanços em redução de assinatura (tecnologia “stealth”). O início da sua construção está prevista para 2016.
Submarinos Classe “Astute”
Dois em serviço, 1 em provas de mar, 3 em construção e mais 1 encomendado. Especialistas afirmam ser o mais perfeito dos submarinos de ataque existentes. Seu exterior angular elegante esconde muitos segredos. É dito que este é o mais secreto dos submarinos nucleares do mundo, cujo sonar (Sonar 2076, composto por 13.000 hidrofones) seria capaz de rastrear o navio “Queen Mary 2” na rota de Londres para Nova York, no momento em que saí da costa de Albion).
39.000 barras de um polímero especial, colados na superfície exterior do corpo, absorvem totalmente radiação de sonares inimigos, criando a ilusão de que o Astute não passa de um grupo de ‘golfinhos’.
Em exercícios conjuntos com submarinos americanos, foi comprovado diversas vezes que o Astute não era capaz de ser encontrado, assim continuando a tradição britânica de construir submarinos ‘discretos” e com sonares de alta qualidade.
Em termos de armamento o Astute leva torpedos de guiagem independente “Spearfish” (velocidade – até 80 nós), equipado com um sonar próprio e os já comprovados em batalha SLCM “Tomahawk”, capaz de atingir alvos a uma distância de 1.600 km.
Os “Astute” estão substituindo os submarinos da Classe “Trafalgar” (quatro submarinos polivalentes construídos no final dos anos 80, cuja saída de serviço está prevista para até 2022).
Forças nucleares estratégicas navais
Quatro submarinos lançadores de mísseis da Classe “Vanguard”, armados com o infalível “Trident-2”. A única diferença do SLBM americano – são as ogivas termonucleares que possui, de design britânico.
Nos arredores de Albion há muitos torcedores de forças marítimas não-nucleares (e contra energia nuclear em geral, já que todas as armas nucleares britânicas estão em submarinos). O principal argumento é que diferença fariam quatro SSBNs e 64 mísseis contra um conflito entre os arsenais nucleares da Rússia e dos Estados Unidos.
Por outro lado, a presença de NSNF dá peso à arena geopolítica e serve como garantia da soberania do país.
Navios de desembarque
Em serviço existem 3 unidades. O navio HMS Ocean e um par de transportes-docas para desembarque de equipamentos pesados . Por seu tamanho e finalidade são semelhantes ao Mistral, com suas próprias vantagens e desvantagens.
Estes são os números oficiais. Os números não oficiais são outros, já que uma parte significativa dos navios da frota britânica está sob o controle da Frota Naval Auxiliar RFA (Royal Fleet Auxiliary).
Real Fleet Auxiliary – uma organização militar com navios controlados por tripulações civis (para economizar em salários e seguro). Apesar de sua designação “civil” da RFA claramente é uma força a ser respeitada.
Por exemplo, o RAF “Argus” de 28 mil ton. é capaz de realizar a função de embarque/desembarque e ainda servir como navio hospital. Além do Argus, convertido a partir de um navio container italiano, a RFA tem três navios de desembarque de construção especial. No convés de vôo, duas embarcações de desembarque e compartimento de carga, projetado para transporta 24 tanques Challenger “2”.
Para garantir a sua segurança, ele são armados com sistemas de auto-defesa “Phalanx” e 30 mm. Além disso a RFA possui oito navios de suprimentos complexos (KCC), um navio porta-containers e oficina flutuante Diligence, e transporte de equipamentos militares a bordo do navio ro-ro RFA Hartland Point.
Com essa frota de navios de apoio e de transporte anfíbio a Grã-Bretanha é capaz de rapidamente transportar o seu exército e a sua marinha expedicionária para qualquer teatro de operações. Assim como aconteceu em 1982.
Diante dessa enorme diferença na qualidade e quantidade de equipamento militar, sonhar com o “retorno das Malvinas” é sem dúvida, um sonho.
Hoje a Marinha de Sua Majestade está em melhor condição do que todos os últimos 50 anos.
Ele é compacta, e ao mesmo tempo, é suficiente para lidar com quaisquer problemas urgentes. Bem equilibrada e cheia de tecnologia de ponta. Com um conceito de utilização e experiência de combate sólida, garante o direito da Grã-Bretanha ao status de grande potência naval.
Quanto à questão do título do artigo, a ilha Malvinas hoje e mais do que nunca, uma fortaleza. Um “Porta-aviões Inafundável” no meio do oceano. Na ilha foi construída uma grande base aérea com uma pista de três quilômetros. Protegendo a ilha, estão aeronaves “Typhoon” da RAF que sobrevoam qualquer navio que chegue próximo aos “territórios disputados”.
Quanto as forças armadas da Argentina, por agora está completamente degradada. Mas isso é outra história …
Nota do Autor:
A grande lição do conflito de 1982 foi a necessidade de um porta-aviões grande ou seja, para caças supersônicos e, em sua ausência, o Reino Unido deslocou aeronaves F-4G e colocou-as nas Malvinas, mais tarde substituindo-as por Tornados F.3 e agora por Typhoons.
A chave para a Argentina tentar contrapor as atuais capacidades britânicas estaria na aquisição de meios AEW e de capacidade EW assim como uma quantidade significativa de aeronaves chinesas JF-17/FC-1 ou Chengdu J-10.
Ao controlar as Falklands os britânicos estão de posse de uma grande quantidade de recursos naturais no Atlântico Sul. Considerando as atuais instalações britânicas nessa parte do mundo, eles estão localizados em pontos ideais para dominar o Atlântico Sul.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Carlos Lima
FONTE:Topwar.ru