Buskhe acha que pode igualar receita e despesa se construir 82 caças, 60 para a Suécia e o restante para a Suíça. “Quando a Suécia nos fez uma nova encomenda do Gripen E, muitas pessoas que obviamente entendem dessa área de atuação disseram que precisávamos produzir pelo menos 400 aeronaves para equiparar receita e despesa”, disse Buskhe em entrevista.
“Mas eu disse, se produzirmos esses 82 [encomendados] que temos agora, não haverá motivo para mudarmos nossas metas financeiras [de uma forma] negativa”, afirmou o executivo.
Na maioria dos setores de produção, essa alta relação custo-benefício daria à Saab uma grande vantagem sobre suas concorrentes. Mas na área de equipamentos militares muitas vezes os custos importam menos que o desempenho, o nível de emprego e a política.
Os governos normalmente concordam em desembolsar bilhões a mais para manter grandes projetos em pé. Com exemplo, temos o avião de transporte A400M da Airbus Military, na Europa, e o caça F-35 da Lockheed Martin, nos Estados Unidos.
O setor de equipamentos bélicos sofre em decorrência do ponto de vista de que, “se não é caro, não é bom”, reconheceu Buskhe. Mas ele acredita que essa cultura está mudando em meio ao aperto fiscal em curso no ocidente.
“Acredito que estamos numa mudança total de paradigma na Europa e também, provavelmente, nos Estados Unidos, onde este setor tem de fazer mais por menos”, afirmou o diretor da Saab.
Outros executivos concordam. Na medida em que os compradores de equipamentos militares — mais notadamente o Pentágono — sentiram os cortes de orçamento, eles se tornaram muito mais duros em relação aos
contratos, transferindo o risco do investimento e o ônus dos estouros de custos para as contas dos fornecedores.
Isso está obrigando as empresas a se tornarem mais comerciais, uma realidade que, segundo Buskhe, a companhia sueca teve de enfrentar por vários anos, em vista da disposição menos generosa do seu governo .
Ser sueco pode ter ajudado a manter os custos baixos, mas pode dificultar as vendas de produtos de exportação, uma vez que vendas de caças têm tanto a ver com relações políticas e militares quanto as vendas de equipamentos. No entanto, o preço mais baixo praticado pela Saab no fim do ano passado convenceu o governo suíço a optar pelo Gripen.
FONTE: Financial Times – Carola Hoyos – Via Resenha EB