Segundo autoridades, as ameaças russas aumentaram desde o início da crise na Ucrânia e a anexação da Crimeia
Os bombardeiros russos Tu-95 Bear foram monitorados voando pelo Atlântico Norte, perto da Islândia, Groenlândia e do nordeste do Canadá.
Análises do voo indicaram que a aeronave estava realizando exercícios que envolviam o lançamento de mísseis nucleares que teriam como alvo os Estados Unidos, de acordo com autoridades de defesa familiarizados com relatórios de inteligência.
A notícia dos exercícios com os bombardeios nucleares veio à tona pouco depois de um gerenal russo aconselhar Moscou a incluir ataques nucleares preventivos contra os Estados Unidos e a Otan.
O general Yuri Yakubov, um alto funcionário do Ministério da Defesa, foi citado pela agência de notícias estatal Interfax, dizendo que a doutrina militar da Rússia deve ser revista para identificar os Estados Unidos e a Otan como inimigos, e indicar claramente as condições de um ataque nuclear preventivo contra eles.
Os exercícios realizados na semana passada são os últimos de uma série de incidentes envolvendo voos de bombardeiros russos perto dos Estados Unidos. Analistas dizem que eles são resultado do aumento das tensões com a crise na Ucrânia.
Um porta-voz do Comando Aeroespacial de Defesa Americano se recusou a comentar sobre o caso. Já os países que participaram do encontro da Otan criticaram as “ações agressivas da Rússia contra a Ucrânia [que] têm fundamentalmente desafiado a nossa visão de uma Europa unida, livre e pacífica.”
Em resposta às ações da Rússia, a aliança concordou em criar uma Força Tarefa Conjunta na Europa Oriental, que pode mobilizar forças militares em questão de dias. “Se necessário, eles também irão facilitar o reforço de aliados localizados na periferia da Otan para a dissuasão e defesa coletiva”, disse o comunicado da Otan.
Tropas do Exército dos EUA conduzirão um exercício militar internacional no oeste ucraniano ainda este mês. Os exercícios começarão dia 15 e incluem tropas de vários membros da Otan e de parceiros da organização, incluindo a Ucrânia, Azerbaijão, Bulgária, Canadá, Geórgia, Alemanha, Grã-Bretanha, Letónia, Lituânia, Moldávia, Noruega, Polónia, Romênia, Espanha e Estados Unidos.
O Tu-95 é um bombardeiro com capacidade nuclear equipado com seis mísseis de AS-15 e armas nucleares. Os mísseis têm um alcance de mais de 2.896 quilômetros.
Mark Schneider, analista sênior do Instituto Nacional de Políticas Públicas, disse que os líderes russos têm emitido ameaças nucleares públicas porque consideram o seu arsenal nuclear seu princial elemento de status de grande potência. “Eles são projetados para intimidar”, contou Schneider.
Ele disse que, desde o início da crise na Ucrânia e a anexação da Criméia por Moscou, “tem havido um número substancial de todos os tipos de ameaças nucleares russas.” Elas incluem exercícios nucleares, voos de bombardeiros, e declarações públicas, incluindo a sugestão de Putin de “não mexer com a gente porque Moscou continua sendo uma potência nuclear”.
O Comando do Norte confirmou que os voos de bombardeiros russos aumentaram acentuadamente nos últimos seis meses. Em agosto, houve pelo menos 16 incursões de bombardeiros russos dentro das zonas de defesa aérea do noroeste dos Estados Unidos e do Canadá durante um período de 10 dias. Foi o maior número de incursões desde o fim da Guerra Fria.
E em 20 de junho, o Ministério da Defesa russo anunciou o lançamento de teste de seis mísseis AS-15 a partir de um bombardeiro Bear durante exercícios militares. No mesmo mês, dois bombardeiros voaram ao longo de 80 quilômetros da costa da Califórnia.
O almirante Cecil Haney, líder do Comando Estratégico dos EUA e que está no comando das forças nucleares, disse em agosto que está levando “muito a sério” as tentativas russas de se aproximar dos Estados Unidos.
FONTE: Terra
FOTOS: Ilustrativas