“Um jato lança bombas passando sobre a esquadra de navios. Em resposta, os contratorpedeiros abrem fogo sobre o caça, utilizando sistemas de artilharia e de defesa antiaérea. Neste preciso momento, um submarino inimigo aproxima-se da esquadra a partir do flanco direito, mas é destruído em seguida com torpedos de grande profundidade.”
O simulacro do teatro de operações teve lugar no golfo de Pedro, o Grande, em Vladivostok. Os participantes dos exercícios russo-chineses treinaram a defesa conjunta contra ataques aéreos do opositor convencional, cujo papel foi desempenhado por caças Su-24 da Força Aérea e da Defesa Antiaérea do Distrito Militar Oriental da Rússia. Logo a seguir, os mesmos aviões entraram em outro combate, rechaçando com sucesso ataques de embarcações “piratas” de pequeno porte, aliás, lanchas lança-mísseis, e ainda por submarinos.
A operação de resgate do barco capturado por “piratas” tornou-se uma das tarefas mais árduas. Além de sete navios, nesta missão estiveram envolvidos helicópteros embarcados que faziam o reconhecimento da situação no barco sequestrado e lanchas de alta velocidade com fuzileiros navais a bordo, os quais protagonizaram a libertação dos reféns e neutralizaram os piratas escondidos no interior do barco.
A esquadra chinesa chegou a Vladivostok composta por quatro torpedeiros, duas fragatas e um navio de abastecimento. Por parte russa, nas manobras estiveram envolvidas mais de oito belonaves, inclusive o cruzador porta-mísseis Varyag, navio-almirante da Frota do Pacífico da Rússia.
Cooperação da Rússia e China é “essencial para paz no mundo”
A Rússia e a China efetuam em conjunto manobras de envergadura tão importante pelo segundo ano consecutivo. Analistas militares coincidem na opinião de que os treinos dos marinheiros dos dois países excedem o quadro de combate ao terrorismo. Na mídia não deixam de aparecer especulações de que a Rússia e a China estarão alegadamente estão preparando uma coalizão militar. O chefe adjunto do Estado-Maior da Marinha de Guerra da Rússia, vice-almirante Leonid Sukhanov, desmente esses boatos. Os exercícios militares da Rússia e China não se dirigem contra qualquer país, afirma o vice-almirante:
“Estamos prontos a defender conjuntamente os interesses de nossos países contra quaisquer ameaças que possam surgir. Naturalmente, nossos exercícios têm grande repercussão no mundo. Em alguns países isso provoca satisfação e esperança de estabilidade; outros se mostram descontentes, porquanto isso não coincide com seus interesses, mas eles se veem obrigados a aceitá-los porque a Rússia e a China são as maiores potências da região.”
Os próprios militares afirmam que a interação militar russo-chinesa visa garantir uma estabilidade na região da Ásia-Pacífico. Na opinião da maioria dos analistas, é pouco provável que a Rússia e a China possam num futuro próximo conduzir quaisquer ações militares conjuntas, visto que segue sendo aberto o problema da capacidade dos líderes russos e chineses de tomarem rapidamente uma decisão política sobre intervenção militar se a situação o exigir. Por exemplo, a Rússia e a China não conseguiram jogar um papel relevante na solução da situação na cidade de Osh, localizada no sul do Quirguistão, onde em 2010 tiveram lugar sangrentos confrontos interétnicos.
Por isso, as especulações que alguns meios de comunicação vêm difundindo sobre a criação de um bloco militar entre a Rússia e a China são equiparáveis às notícias sobre os objetos voadores não-identificados. A propósito, as recentes manobras não deixaram de prescindir deles. A imprensa japonesa notificou que perto da costa ocidental do Japão tinha sido avistado um disco voador. Na sequência dessa publicação, o serviço de imprensa da Frota do Pacífico russa viu-se obrigado a lidar com uma avalanche de chamadas de jornalistas nipônicos perguntando se a aparição do OVNI tinha a ver algo com as manobras em curso.