Rússia destruirá estoques de armas químicas até fim de 2017

No final dos anos 90, Moscou desativou e armazenou cerca de 40 mil toneladas de agentes e munições em locais remotos. Foto:Grigory Sysoyev/TASS

Por NIKOLAI LITÔVKIN

Na última terça-feira, os militares russos destruíram as suas últimas reservas de gás sarin, de acordo com o programa Nunn-Lugar, de 1991, que inclui a assistência financeira aos países da ex-União Soviética para a desativação de armas nucleares e químicas.

Segundo o diretor do departamento federal para armazenagem e destruição de armas químicas, Valéri Kapáchin, até o terceiro trimestre de 2017, a Rússia destruirá os últimos estoques deste tipo de armamento.

Após a queda da União Sovietica, a Rússia começou a diminuir os estoques de armas químicas. De acordo com a Convenção sobre a Eliminação de Armas Químicas, no final dos anos 90, Moscou desativou e armazenou cerca de 40 mil toneladas de agentes e munições em locais remotos.

“São os agentes organofosforados, gases que agem no sistema nervoso, gas mostarda: iperita, lewisite, sarin, soman e gás tóxico VX, encontrados em cápsulas de artilharia, minas, mísseis, bombas, ogivas de mísseis táticos ou vagões-tanque”, disse o analista militar da agência de notícias TASS, Víktor Litôvkin.

Ajuda externa

“Os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos, Canadá e a União Europeia ofereceram ajuda significativa na destruição dos agentes de guerra química. De acordo com estimativas, foram investidos vários milhões de dólares na destruição de armas russas, algo em torno de 2 a 5 por cento do custo total”, disse o editor-chefe da revista Arsenal Otechestva, Víktor Muralhôvski.

A assistência inclui o fornecimento de equipamentos de monitoramento ambiental essencial.

Um dos argumentos principais para esta ajuda foi apresentado no Congresso dos EUA pelo senador democrata do Estado da Geórgia, Sam Nunn. Segundo ele, era necessário ajudar os russos a destruir as suas armas químicas para eliminar ameaças aos Estados Unidos.

Problemas com o uso

Nos locais onde acontece a destruição dos armamentos, o governo construiu cidades modernas com infraestrutura necessária: lojas, hospitais, escolas e instalações desportivas.

Assim, o programa de destruição de armas químicas acabou beneficiando o desenvolvimento de regiões remotas da Rússia. No entanto, hoje, os militares enfrentaram o novo problema: a reciclagem dos resíduos produzidos no processo.

“Os especialistas abrem os mísseis, minas ou bombas com agentes químicos e injetem substâncias que convertem o conteúdo em uma massa não-tóxica que poderá ser processada”, explica Litôvkin.

Uma parte desses resíduos é considerada como ‘útil’ e poderá ser usada para extrair arsênio e outros elementos utilizados na fabricação de componentes para a indústria eletrônica, polímeros e pesticidas. Segundo os especialistas, hoje, a Rússia já tem mais de 140 mil toneladas desses resíduos.

No entanto, os outros 100 mil toneladas de resíduos não podem ser processados e devem ser enterrados em locais especiais, algo que tem um custo considerável.

FONTE: Gazeta Russa

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