Rússia anuncia envio de porta-aviões para costa síria

Admiral Kuznetsov

MOSCOU / NOVA YORK — A Rússia anunciou nesta quarta-feira o envio de um porta-aviões à costa mediterrânea na Síria, num momento em que Moscou e Washington discutem formas de retomar um cessar-fogo encerrado no início da semana. Aliada do regime de Bashar al-Assad, a Rússia está sendo acusada pelos Estados Unidos de atacar um comboio humanitário na região de Aleppo, o que deteriorou a frágil trégua de uma semana negociada entre os países.

— Atualmente, a força naval russa no leste do Mediterrâneo está integrada por seis navios de guerra e três ou quatro barcos de apoio — disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu. — Para aumentar nossas capacidades militares, planejamos somar ao grupo nosso porta-aviões Almirante Kuznetsov.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, fala durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a guerra na Síria – LUCAS JACKSON / REUTERS

Falando durante um briefing do Conselho de Segurança da ONU sobre a guerra civil síria, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu nesta quarta-feira uma “investigação completa e imparcial” sobre o bombardeio aéreo contra caminhões que transportavam ajuda humanitária — a Rússia nega que tenha realizado o ataque.

Lavrov afirmou que um cessar-fogo intermediado com os Estados Unidos, em 9 de setembro, só funcionaria se houvesse uma abordagem abrangente com medidas simultâneas adotadas por todas as partes envolvidas na guerra.

— Caso contrário, nada vai acontecer. Não haverá nenhuma pausa unilateral — afirmou.

O secretário de Estado americano, John Kerry, por sua vez, disse que continua acreditando em um caminho “fora da carnificina” na Síria. Segundo ele, para salvar um acordo de cessar-fogo, todas as aeronaves no Norte da Síria devem ficar em terra e permitir a passagem de ajuda humanitária.

O chefe da diplomacia americana exortou ainda os países a pararem de apoiar as partes do conflito que tentam sabotar o acordo de trégua.

‘TRAGÉDIA HUMANITÁRIA’

Os Estados Unidos apontaram a Rússia como responsável pelo ataque contra o comboio e disseram que foi uma “enorme tragédia humanitária”.

— Consideramos o governo russo responsável por ataques aéreos neste espaço, uma vez que seu compromisso nos termos da cessação das hostilidades era certamente parar as operações aéreas onde a assistência humanitária está fluindo — afirmou o vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, na terça-feira.

Ele disse que os Estados Unidos preferem continuar com o cessar-fogo na Síria, mas estão preocupados com a falta de demonstração de boa fé da Rússia.

A ONU voltou atrás na terça-feira na descrição da agressão ao comboio de ajuda humanitária como ataques aéreos, dizendo não ter provas conclusivas sobre o que aconteceu.

A Rússia, que nega que suas aeronaves ou as de seus aliados do governo sírio tenham se envolvido, disse na terça-feira que acredita que o comboio não foi atingido do ar, mas que pegou fogo por causa de algum incidente em terra.

O Crescente Vermelho da Síria disse que o chefe de um de seus escritórios locais e “cerca de 20 civis” foram mortos, embora outros saldos de mortos difiram dessa cifra.

Após a explicação dos russos, a ONU divulgou uma versão revisada de um comunicado anterior, retirando o palavreado sobre “ataques aéreos” e o substituindo por referências a “ataques” não especificados.

A ação de segunda-feira levou a ONU a suspender todas as remessas aéreas de ajuda para a Síria e deixou os esforços mais recentes de pacificação à beira do colapso.

FONTE: O Globo

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