— Atualmente, a força naval russa no leste do Mediterrâneo está integrada por seis navios de guerra e três ou quatro barcos de apoio — disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu. — Para aumentar nossas capacidades militares, planejamos somar ao grupo nosso porta-aviões Almirante Kuznetsov.
Falando durante um briefing do Conselho de Segurança da ONU sobre a guerra civil síria, o chanceler russo, Sergei Lavrov, pediu nesta quarta-feira uma “investigação completa e imparcial” sobre o bombardeio aéreo contra caminhões que transportavam ajuda humanitária — a Rússia nega que tenha realizado o ataque.
Lavrov afirmou que um cessar-fogo intermediado com os Estados Unidos, em 9 de setembro, só funcionaria se houvesse uma abordagem abrangente com medidas simultâneas adotadas por todas as partes envolvidas na guerra.
— Caso contrário, nada vai acontecer. Não haverá nenhuma pausa unilateral — afirmou.
O secretário de Estado americano, John Kerry, por sua vez, disse que continua acreditando em um caminho “fora da carnificina” na Síria. Segundo ele, para salvar um acordo de cessar-fogo, todas as aeronaves no Norte da Síria devem ficar em terra e permitir a passagem de ajuda humanitária.
O chefe da diplomacia americana exortou ainda os países a pararem de apoiar as partes do conflito que tentam sabotar o acordo de trégua.
‘TRAGÉDIA HUMANITÁRIA’
Os Estados Unidos apontaram a Rússia como responsável pelo ataque contra o comboio e disseram que foi uma “enorme tragédia humanitária”.
— Consideramos o governo russo responsável por ataques aéreos neste espaço, uma vez que seu compromisso nos termos da cessação das hostilidades era certamente parar as operações aéreas onde a assistência humanitária está fluindo — afirmou o vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, na terça-feira.
Ele disse que os Estados Unidos preferem continuar com o cessar-fogo na Síria, mas estão preocupados com a falta de demonstração de boa fé da Rússia.
A ONU voltou atrás na terça-feira na descrição da agressão ao comboio de ajuda humanitária como ataques aéreos, dizendo não ter provas conclusivas sobre o que aconteceu.
A Rússia, que nega que suas aeronaves ou as de seus aliados do governo sírio tenham se envolvido, disse na terça-feira que acredita que o comboio não foi atingido do ar, mas que pegou fogo por causa de algum incidente em terra.
O Crescente Vermelho da Síria disse que o chefe de um de seus escritórios locais e “cerca de 20 civis” foram mortos, embora outros saldos de mortos difiram dessa cifra.
Após a explicação dos russos, a ONU divulgou uma versão revisada de um comunicado anterior, retirando o palavreado sobre “ataques aéreos” e o substituindo por referências a “ataques” não especificados.
A ação de segunda-feira levou a ONU a suspender todas as remessas aéreas de ajuda para a Síria e deixou os esforços mais recentes de pacificação à beira do colapso.
FONTE: O Globo