República Centro-Africana: operação Sangaris

CENTRAFRICA-UNREST-FRANCE-DISARM

A ordem sobre a entrada na República Centro-Africana não foi uma novidade para militares franceses. Oficialmente, a operação Sangaris começou na República Centro-Africana na noite para 6 de dezembro após a aprovação unânime da Resolução 2127 do Conselho de Segurança da ONU e a respectiva ordem do presidente da França.

O objetivo anunciado da operação consiste em garantir a segurança e a concessão de ajuda humanitária de uma missão internacional da União Africana na República Centro-Africana (MISCA). O presidente da França declarou que a intervenção na República Centro-Africana se efetua por razões humanitárias e não com o fim de combater o terrorismo.

No entanto, a operação foi planificada como militar, envolvendo forças expedicionárias com uma rica experiência de ações militares no Afeganistão e na África. Libreville (Gabão) foi escolhido como centro de abastecimento de retaguarda, Duala (Camarões) – o de apoio material e Ndjamena (Chade) – como o de apoio aéreo.

Não foi preciso tomar a capital pela força. No quadro da operação Boali, realizada na República Centro-Africana ainda a partir de 2002, no país encontram-se 400 fuzileiros navais do 8º regimento de infantaria naval da França (8e RPIM).

Fuzileiros navais são também a força principal da operação Sangaris. Como elementos de combate são as companhias do 3º e do 8º regimentos de paraquedistas e do 21º regimento de infantaria naval (8eRPIM, 2eRPIM, 21eRPIM) e uma companhia do 6º batalhão independente de infantaria naval, acantoada em Libreville (Gabão). São apoiados por um destacamento do 1º regimento de hussardos (1º Régiment Hussard Parachutistes).

A própria operação começou a ser preparada em 24 de novembro. Ao aeroporto de Bangui, chegaram da França 30 especialistas do 25º regimento de engenharia da Força Aérea, enquanto várias dezenas de voos de aviões pesados de transporte An-124 de Libreville criaram as condições necessárias para abrir bases de abastecimento e alargar uma “zona habitacional”. Em 30 de novembro, do Gabão para Bangui, deslocam-se a bordo de um Airbus A340 200 técnicos militares e uma companhia de paraquedistas. Em 5 de dezembro, em Bangui, já se encontravam mais de 600 militares franceses.

Por outro lado, o porta-helicópteros universal de desembarque Dixmude (tipo de Mistral) partiu em 16 de novembro, de Toulon, levando a bordo dois helicópteros Gizelle, 300 paraquedistas e centenas de unidades de equipamentos. Em 28 de novembro, à noite, o navio chegou a Douala e, em 1 de dezembro, começou seu descarregamento.

Em 5 de dezembro, chega à capital da República Centro-Africana o comandante da operação, general de brigada Francisco Soriano, que dirige o contingente francês no Gabão e a operação Boali. Em 6 de dezembro, um C17 britânico transportou para a capital da República Centro-Africana primeiros veículos de combate e uma companhia do 1º regimento de paraquedistas de desembarque (1º Régiment de Chasseur Parachutistes). Sexta-feira passada à noite, as forças contavam com mil efetivos e, na noite de sábado, com 1600 militares. Conforme declarou o presidente da França, “esta quantidade é definida como necessária para cumprir a missão. As forças serão transferidas o mais depressa possível para as regiões, onde forem registrados riscos para habitantes pacíficos”. O contingente militar é apoiado por quatro helicópteros Puma e dois Gazelle.

Além das forças enviadas, é necessário mencionar também os elementos ocultos que, provavelmente, serão envolvidos na imposição definitiva da ordem.

Ainda a partir de 2007, o Grupo de Operações Especiais Sabre do Comando de Operações Especiais – Commadement des Operations Speciales (COS) – da França opera ativamente naquela região africana, tendo por tarefa “salvar seus compatriotas do cativeiro de extremistas e expulsar agrupamentos islâmicos terroristas da África Ocidental”. O seu estado-maior encontra-se em Uagadugu, capital do Burkina Faso. Até a sua “inauguração oficial” em 2012, a GFS já realizava operações na Mauritânia, Níger e Mali, formando ocultamente, a partir de 2010, em países daquela região um considerável arsenal militar. A GFS subordina-se diretamente ao chefe do Estado-Maior General, integrando grupos análogos à SAS – o 1º regimento de infantaria naval (1 RPIM), quase todos os comandos da Marinha (Jaubert, Trepel, de Penfentenyo, de Montfort, Hubert) e 10 companhias de commandos da Força Aérea (CPA 10). O grupo dispõe de sua aviação – um destacamento de helicópteros para operações especiais (DAOS) e um grupo de aviões de transporte de destinação especial (Detachment Operations Special – DOS – composto por Hercules C130 e C160 com equipamentos especiais).

A julgar pela operação no Mali, os destacamentos militares irão compor, provavelmente, um grupo tático móvel misto de combate (GTIA), cujos elementos se deslocarão para o noroeste do país e ocuparão os pontos estratégicos mais importantes. Devido à necessidade de aplicar na República Centro-Africana mais funções policiais, estas ações, pelo visto, serão suficientes. Ao mesmo tempo, a formação das próprias forças eficientes de segurança na República Centro-Africana exigirá muito mais tempo.

Fonte: Voz da Rússia

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