Por Natalia Vedeneva
O antigo projeto espacial russo-ucraniano “Sea Launch” pode ser descongelado mais rápido do que o esperado, e o local de lançamento provavelmente vai passar da costa dos EUA para a costa brasileira.
A idéia de reviver o projeto com a participação do Brasil foi manifestada nesta quarta-feira pelo vice-primeiro-ministro Dmitry Rogozin. O “MK” analisou a declaração com o ex-chefe da Corporação de Lançadores Espaciais (RKK) “Energia”, Vitaly Lopota.
O “Sea Launch” é um projeto que pode colocar cargas no espaço por meio de um foguete lançador, geralmente localizado na altura do equador, em que o lançamento é realizada muito mais convenientemente e com maior rentabilidade, através da utilização da rotação terrestre. O espaçoporto, hoje baseado no estado americano da Califórnia, no Oceano Pacífico, utilizava veículos lançadores “Zenit” desenvolvidos pelas empresas ucranianas CB “Yuzhmash” e “Pivdenmash” mas com boosters e quase todos os eletrônicos internos provenientes de empresas russas.
A principal contratada da missão será a RKK “Energia”. No contexto das atuais relações internacionais com os parceiros da “Sea Launch” (Boeing e Yuzhmash, de EUA e Ucrânia), foi previsto o encerramento de suas operações.
Mas agora, de acordo com Rogozin, tudo voltará ao normal. No entanto, agora, também sem os Estados Unidos. O presidente russo fez uma visita em que foram assinados diversos acordos de interesse mútuo no domínio da exploração do espaço. E agora, para a questão da cooperação em estudo com o Brasil, Rogozin disse, está prestes a dar frutos. Aos colegas especialistas do Brasil, que têm o seu próprio espaçoporto localizado de frente ao oceano atlântico, nós podemos oferecer uma verdadeira cooperação nesta área, e agora temos um interessante diálogo a nível de peritos técnicos.
As conversas em questão, de mover o “Sea Launch”, acontecem desde o verão deste ano. Então, em julho, na RKK começou-se a trabalhar os vários usos da nossa plataforma oceânica. Apesar do fato de que a estadia na Califórnia, a partir de um ponto de vista econômico, seria mais rentável.
Depois de todas as ponderações, com o mapeamento das concentrações de 60 por cento dos fabricantes de cargas em todo o mundo, a “Energia” compilou uma lista de locais alternativos para o “Sea Launch”. Estudamos o projeto de transferência e serviços de infra-estruturas terrestres de Los Angeles para Sovetskaya Gavan, Vladivostok e Vietnam – disse Vitaly Lopota. No Brasil, nós também estamos estudando opções. Afinal de contas, ele estaria localizado quase na linha do equador, o que cria excelentes condições para o lançamento de satélites. Só precisamos ter muito cuidado, trabalhar todos os detalhes, inclusive a presença na costa da infraestrutura necessária.
Agora, sobre o “Zenit” russo-ucraniano, Rogozin disse que “em caso de retomada do projeto, usaremos outros foguetes”. “Depois do que aconteceu na Ucrânia, falando sobre a indústria, especialmente da alta tecnologia, não é mais possível”, – disse.
Então o que podemos usar em vez de “Zenit”?
De acordo com Vitaly Lopota, com uma alternativa ao “Zenit”, a Rússia terá um novo problema: “Nós temos sido, e nesse caso deveríamos ter sido, capazes de criar nossa própria produção de tais foguetes, porque temos todas as possibilidades para isso. Nós não estamos usando plenamente a nossa vantagem competitiva nesta área. Nossos foguetes, se decidirmos construir, serão ainda melhores que o ‘Zenit'”.
No que diz respeito à adequação para manter o “Sea Launch” à tona, no sentido literal e figurado, a resposta é ainda mais clara: “além do ganho puramente financeiro por serviços relacionados com lançamento de satélites, a Rússia terá a confiança necessária para o desenvolvimento e produção de novas tecnologias”.
FONTE: Moskovsky Komsomolets