O estranhamento diplomático entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo ingrediente nesta quinta-feira, durante a cúpula de líderes do G20. Em entrevista coletiva para relatar um encontro preliminar dos Brics (bloco emergente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitri Peskov, afirmou que foi comparado no encontro que terrorismo cibernético é comparável a terrorismo. Ele não deixou claro, no entanto, quem teria endossado essa informação.
“Houve uma discussão sobre espionagem e assuntos internos dos países dos Brics, que causou descontentamento. A espionagem digital em assuntos internos que (os Brics) consideram similares a terrorismo”, disse Peskov.
Procurado, o porta-voz da Presidência brasileira, Thomas Traumann, limitou-se a dizer que “ao final da reunião dos Brics, a presidente fez um breve relato aos chefes de Estado sobre o episódio da espionagem americana”, mas não confirmou nem negou a declaração do russo.
Desde que documentos vazados pelo ex-técnico da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos Edward Snowden apontaram espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana a e-mails e telefonemas de brasileiros, a relação entre Brasília e Washington anda estremecida. A situação piorou após novas revelações de que a própria presidente Dilma Rousseff e assessores próximos tinham sido alvo de monitoramento.
Como consequência, o Planalto cancelou o envio da equipe precursora que prepararia a visita de Estado de Dilma aos EUA, sinalizando que a viagem deve mesmo ser cancelada – o que é um gesto diplomático grave.
Dilma deverá mencionar o tema de espionagem na cúpula de líderes do G20, segundo auxiliares próximos. O assunto foi pauta não apenas no encontro dos Brics, mas também foi abordado em reunião bilateral com o premiê japonês, Shinzo Abe. De acordo com a porta-voz do governo japonês, Sato Kuni, “Dilma mencionou a necessidade de um acordo multilateral de segurança cibernética”. Ela, no entanto, disse não acreditar que a declaração da presidente brasileira tivesse a ver com o caso de espionagem dos EUA no Brasil.
“Eu acho que ela não se referiu particularmente a nenhuma situação específica, porque esse acordo está na agenda internacional há um bom tempo”, disse.
FONTE: Reuters