Por Ricardo Bonalume Neto
Um relatório da empresa de consultoria de informação IHS (Information Handling Services) divulgado em Londres sugeriu que o setor de defesa e segurança vai ter um grande crescimento na América Latina, especialmente no Brasil, na próxima década.
“Defesa” costuma ser definida como a área de atuação das Forças Armadas –Exército, Marinha, Força Aérea. “Segurança” seria a área ligada ao policiamento, interno e de fronteiras, assim como por empresas privadas.
O relatório fala que o aumento dos gastos com a “indústria de defesa” na região se deve a maiores gastos com “segurança interna”.
E, de fato, há uma justaposição na área industrial entre os dois setores; por exemplo, tanto Forças Armadas como polícias compram peças como botas ou coletes de proteção contra balas, armas portáteis e munição. É difícil saber quem está comprando, ainda mais num país com polícias “militares” estaduais.
Segundo o relatório, o orçamento de defesa brasileiro de 2012, de US$ 30,6 bilhões, foi maior do que o do Canadá ou do Irã, logo abaixo de gastadores tradicionais como Alemanha e Arábia Saudita.
Os gastos com importação de produtos de defesa e segurança na América Latina aumentaram 16% entre 2008 e 2012, diz o relatório, de US$ 3,42 bilhões para US$ 3,96 bilhões. Já o Brasil teria tido um aumento proporcionalmente maior, 87%, de US$ 497 milhões para US$ 931 milhões.
Muito do orçamento brasileiro, contudo, vai para pensões de militares reformados (aposentados). Pouco tem sido gasto na compra de novos equipamentos. Boa parte do equipamento recentemente adquirido é se segunda mão.
O Canadá compra equipamento de primeira linha, apesar de ter Forças Armadas pequenas. A Alemanha gasta cada vez menos com armamentos. E Irã e Arábia Saudita são países autoritários com estatísticas pouco confiáveis, além de terem necessidades de defesa prementes –ao contrário do Brasil, que não tem inimigos externos.
Como mostra o relatório, a tendência na América Latina é participar conjuntamente de missões de paz, e tentar unir sua base.
O melhor exemplo é o KC-390, desenvolvido pela Embraer com apoio da Força Aérea Brasileira. Além de participação argentina na fabricação, este que deverá ser o maior avião construído no país também já despertou interesse de Colômbia e Chile.
FONTE:Folha de São paulo