Um relatório recente apresentado pelo Banco Mundial, a ONU e a Interpol demonstram que os piratas somalis se transformaram nos últimos dez anos em uma influente corporação internacional.
Segundo os dados dos peritos internacionais, os piratas somalis e os seus congêneres do Cabo de África receberam nos últimos sete anos cerca de US$ 400 milhões provenientes da escravatura, do tráfico de armas e de droga e da lavagem desse dinheiro através de investimentos. Entretanto muitos especialistas referem que seria demasiadamente ousado alcançar valores concretos. Segundo afirma Yuri Sukhorukov, presidente do Sindicato Russo dos Marinheiros, esse número é apenas aproximado, “Esse valor não foi, nem poderia ser confirmado por ninguém, porque esse tipo de informação tem origem nos próprios piratas. Ele é realmente difícil de confirmar. Regra geral os armadores omitem os verdadeiros montantes dos resgates porque não querem provocar um aumento do valor dos resgates por parte de outros piratas”.
Também se poderia falar de cem milhões, de quatrocentos milhões ou mesmo de um bilhão. Qualquer que seja a soma, a maior parte vai para os verdadeiros organizadores, que estão por trás dos pequenos grupos de piratas.
O dinheiro recebido em pagamentos dos resgates de navios, cargas e reféns capturados em operações de pirataria não são recebidos pelos piratas somalis, mas pelos intermediários em outros países. Depois eles pagam aos executantes diretos. Mas alguns analistas admitem que o dinheiro dos resgates tem um outro destino final e outros destinatários, e que a atividade de pirataria é financiada por outros meios. Em outras palavras, pode se suspeitar a existência de um dos esquemas de financiamento do terrorismo internacional. Pelo menos vários dos chefes piratas estão intimamente ligados às células locais da Al-Qaeda e de outras organizações jihadistas.
O especialista Mohamed Said considera que 70% de todo o dinheiro fica em Londres. Os 30% restantes, são enviados para Dubai, de onde são transferidos para a Somália, que recebe apenas 10% da soma inicial. Assim, os próprios piratas, ou o sindicato do crime para quem trabalham, não obtém lucros colossais. O dinheiro assenta na esfera bancária, da segurança e dos seguros no Ocidente, é a opinião de Mohamed Said, que disse: “Os rendimentos das áreas bancária, da segurança e dos seguros aumentaram três vezes nos últimos cinco anos, devido à pirataria na região do Cabo de África. Isso está longe de ser uma coincidência. Apenas há uns dois anos os piratas recebiam cerca de 6 biliões de dólares. Agora essa soma é de 400 milhões de dólares. Os números dão substancialmente diferentes e nós não sabemos qual é a que corresponde à realidade. Mas nós sabemos com segurança que os habitantes da Somália não recebem esse dinheiro. Esse dinheiro acaba nas mãos de criminosos, mas não das comunidades somalis”.
Isto permite supor que, o Golfo de Áden é um elo importante no grande jogo geopolítico, e que a pirataria é uma operação original de cobertura, que permite fornecer uma história quase perfeita para dissimular os negócios dos poderosos deste mundo
FONTE: Voz da Rússia
FOTOS: OTAN