O Parlamento turco vota sobre o envio de tropas para Líbia, com o reconhecimento da ONU do governo na capital Trípoli, que está em luta contra forças rivais da administração com base no leste da Líbia.
É esperado para essa quinta-feira que os legisladores aprovem, em sessão de emergência, a concessão de um ano de mandato para a implantação, apesar das preocupações de que a presença de forças turcas possam agravar o conflito na Líbia e desestabilizar ainda mais a região.
Tripoli é a base do Government of National Accord (GNA), do Primeiro-Ministro Fayez al-Sarraj, que tem enfrentado um ataque do Libyan National Army (LNA), liderado pelo Comandante Militar Khalifa Haftar, que lançou uma ofensiva contra a capital no início de abril.
Os combatentes do LNA não conseguiram chegar ao Centro da cidade, mas combates mortais tem aumentado ao redor de Trípoli nas últimas semanas, após Haftar declarar o “fim”, em uma batalha decisiva contra a capital em dezembro.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse no mês passado que al-Sarraj havia solicitado a presença militar turca, após os dois assinarem um acordo que permitiria o envio de militares turcos para a Líbia.
O acordo, juntamente com um outro sobre os limites marítimos entre Turquia e Líbia, tem atraído a ira em toda a região.
Detalhes do possível envio de tropas turcas não foram revelados. O debate no Parlamento permite ao governo decidir sobre o âmbito da aplicação, tamanho e tempo desta implantação.
Ankara diz que a implantação é fundamental para proteger os interesses turcos na Líbia e no Mediterrâneo Oriental, onde se encontra-se cada vez mais isolado pela Grécia, Chipre, Egito e Israel, que estabeleceram zonas econômicas exclusivas abrindo caminho para exploração de gás e óleo.
O principal partido da oposição turca, deixou claro que votaria contra o envio de tropas, dizendo que vai colocar a Turquia em outro conflito e torná-lá parte no “derramamento de sangue muçulmano”.
Ele chamou o governo de Erdogan para encontrar uma solução diplomática na Líbia.
O ministro de relações exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, está fazendo lobby junto aos líderes da oposição, tentando obter o máximo de apoio possível. “O governo parece estar em uma corrida contra o tempo. O ministro da defesa disse que é uma obrigação moral da Turquia enviar tropas o mais rapido possível”.
O partido AK está com aliança com o partido Nacionalista, os dois garantem os votos suficientes para aprovar a moção. Haftar é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos e o Egito, enquanto que Tripoli, à base do governo, recebe o apoio da Turquia.
Com administrações rivais no leste e no oeste competindo pelo poder, a luta ameaça mergulhar a Líbia em mais violência, como no conflito de 2011, que derrubou e matou Muammar Gaddafi.
A Turquia vem tentando ganhar influência na Líbia desde a queda de Gaddafi, e essa é a oportunidade perfeita para fazer exatamente isso.
FONTE: Al Jazeera
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