O comandante militar da Otan, o americano Philip Breedlove, acusou ontem a Rússia de planejar uma incursão militar na Ucrânia para os próximos dias.
O governo russo nega e rebate as acusações dizendo que a aliança militar do Ocidente recorre à linguagem da Guerra Fria.
Na semana passada, a aliança suspendeu a cooperação com Moscou devido à anexação da Crimeia.
Em entrevista ao jornal “Wall Street Journal”, Breedlove disse ter informações dos serviços de inteligência de que a Rússia enviou 40 mil soldados para a fronteira com o leste da Ucrânia.
Segundo o comandante, esse efetivo conta com o apoio aéreo, hospitais de campanha e equipamentos para guerra eletrônica. Para ele, esse contingente é suficiente para invadir o país vizinho.
“Achamos que as forças estão prontas para começar e podem alcançar seus objetivos em três a cinco dias caso sejam direcionados a agir.”
Embora garanta que a invasão deve ocorrer, Breedlove disse não saber qual será o alvo dos russos. Ele cogita que Moscou tenha três objetivos –um corredor trimestre até a Crimeia, o porto de Odessa ou a Transnístria, região de maioria russa na Moldova que faz fronteira com o oeste ucraniano.
Para o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, uma invasão seria “um erro histórico” e acusou Moscou de querer recuperar a esfera de influência soviética.
“Isso isolaria ainda mais a Rússia e seria um erro de cálculo com enormes consequências estratégicas.”
Reação
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores russo disse que as últimas ações da Otan lembram a linguagem usada durante a Guerra Fria.
Já o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozin, minimizou a suspensão das relações com a Otan e lembrou que a fez o mesmo em 2008, após a Rússia invadir a Geórgia. “Da última vez, congelaram e em três meses já haviam descongelado.”
Yanukovich
Ontem, um dos principais responsáveis pela crise ucraniana se manifestou contra a anexação da Crimeia. Para o presidente deposto Viktor Yanukovich, a cisão não teria acontecido se o Parlamento tivesse dado mais autonomia à região. Ele disse ainda que vai tentar pedir ao presidente russo, Vladimir Putin, a região de volta para a Ucrânia.
“Essa é uma grande tragédia. A região pode ter o máximo de independência, mas sendo parte da Ucrânia”.
FONTE: Folha de São Paulo