Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma resolução liderada pela Rússia pedindo que as nações se abstenham de posicionar armas no espaço exterior. Ignorada pela Europa, iniciativa enfrenta resistência dos Estados Unidos.
Durante a sessão da 70ª Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (8), 129 nações votaram a favor da medida para coibir a implantação de armamento no espaço exterior. A iniciativa teve colaboração de 40 países, entre eles Brasil, China e Síria.
O objetivo é evitar uma nova corrida armamentista, e potencialmente devastadora, entre os países mais líderes em navegação espacial – Rússia, China e Estados Unidos –, que vêm trabalhando em armas espaciais.
“O único governo a contestar o mérito da nossa iniciativa é o dos Estados Unidos, que por muitos anos ficou em isolamento quase completo tentando bloquear os esforços sucessivos da comunidade internacional para prevenir uma corrida armamentista no espaço sideral”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo em um comunicado.
Os Estados Unidos alegam que a resolução não traz uma definição adequada de armas espaciais e ignora uma classe de armamentos lançados da Terra, como mísseis antissatélite testados pela China.
A Europa, que tem um eficaz programa espacial multinacional, se absteve nas últimas ocasiões de qualquer posicionamento sobre a proposta russa.
“É lamentável que, pelo segundo ano consecutivo, eles [europeus] tenham sucumbido às pressões dos EUA para abster-se de votar a resolução sobre a prevenção de uma corrida bélica espacial, mostrando assim a sua indiferença à possibilidade de implantação de armas no espaço”, lê-se no comunicado do ministério.
“Isso é razão suficiente para colocar em dúvida a sua fiabilidade [da Europa] como parceira no diálogo sobre a prevenção do uso da força no espaço”, continua o órgão.
Um dos elementos-chave da resolução é a proposta de iniciar as negociações da Conferência de Desarmamento em Genebra elaborando uma proibição internacional, com vínculo jurídico, relativa à implantação de armas no espaço.
A resolução também pede a todos os Estados-membros que assumam o compromisso nacional de não dar largada à militarização do espaço. Esse compromisso já foi assumido por 11 países, incluindo Argentina, Brasil, Cuba e Venezuela, entre outros.
“A globalização da nossa iniciativa serviria como uma garantia política de que armas jamais serão posicionadas no espaço exterior, e como uma medida para construção de confiança e promoção da transparência na atividade espacial internacional”, conclui o ministério russo.
FONTE: Gazeta Russa com material da agência Tass e do The Moscow Times