O presidente americano Barack Obama disse nesta sexta-feira (13) que ainda está avaliando alternativas de ajuda ao Iraque, mas voltou a dizer que não enviará tropas ao país.
“Não vamos ser arrastados de volta a uma situação em que enquanto estamos lá lideramos as coisas e, depois que saímos, as pessoas não contribuem com a prosperidade do país em longo prazo”, afirmou Obama.
Nos últimos dias, militantes do grupo Estado Islâmico do Iraque e Levante, que surgiu como filial da rede Al Qaeda, tomaram cidades no norte e no leste do país e ameaçam avançar rumo à capital, Bagdá.
O grupo, que tem atuação também no Levante (termo que define Síria e Líbano), é do ramo sunita do islã, rival dos xiitas, que dominam o governo iraquiano. O objetivo é construir um Estado islâmico no país.
“Os americanos, inclusive contribuintes, fizeram grandes investimentos e sacrifícios para dar aos iraquianos a chance de ter um destino melhor”, afirmou o presidente, nos jardins da Casa Branca, em Washington.
Obama disse que a decisão sobre a interferência americana deverá levar “vários dias”. Uma das possibilidades em estudo é fazer bombardeios aéreos.
O aiatolá Ali Al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque, pediu nesta sexta a todos os iraquianos que peguem em armas contra os militantes.
“Os cidadãos que podem portar armas e combater os terroristas para defender seu país, seu povo e seus locais sagrados devem ser voluntários e se juntar às forças de segurança para realizar esse objetivo sagrado”, declarou.
Militantes do grupo invadiram a cidade de Mossul, no norte, no começo da semana, e agora se dirigem a Bagdá, em uma investida violenta contra o governo xiita.
Nesta sexta, os jihadistas se apoderaram de cidades próximas à fronteira com o Irã. A rede CNN afirmou que forças de elite iranianas, país de maioria xiita, já estão ajudando o governo iraquiano.
Segundo Sistani, “os terroristas anunciaram que vão tomar todas as províncias, incluindo Bagdá, Karbala e Najaf [cidades santas xiitas]”.
Obama tem sido duramente criticado pela hesitação em agir no Iraque.
A oposição diz que o Iraque caminha “para ser uma nova Síria”.
Ainda no discurso na Casa Branca, Obama cobrou “responsabilidade” por parte dos vizinhos, em uma mensagem aparentemente direcionada ao Irã. “Ninguém quer ver os terroristas ganhando terreno, e o Iraque entrando no caos”, disse.
Um possível retorno ao Iraque de tropas americanas, que saíram do país em 2011, desmente o discurso de Obama no mês passado de que as guerras da era Bush “já tinham ficado para trás”.
FONTE: Folha de São Paulo