Na capital equatoriana, Maduro e Santos discutiram junto aos presidentes de Equador e Uruguai, Rafael Correa e Tabaré Vázquez. A mediação serviu para tentar amenizar as tensões entre os dois países desde o início da crise.
Enquanto Vázquez e Correa disseram estar satisfeitos com o progresso nas discussões entre as partes, Maduro e Santos acordaram o retorno dos embaixadores de cada país e uma investigação binacional sobre os motivos que deixaram a fronteira insegura a ponto de ser declarado estado de exceção.
A partir dos termos, um grupo de ministros dos dois países fará considerações técnicas sobre a situação fronteiriça. Com o acerto das etapas, a normalização e abertura das fronteiras ficaria assegurada de maneira gradual, segundo o comunicado lido pelos presidentes.
— Agradeço por termos conseguido nos encontrar para discutir o tema. Triunfaram a sensatez, o diálogo e a paz. Não há lugar para o ódio nem para o revanchismo — disse Maduro.
Santos destacou que exigiu a Maduro respeito aos colombianos em situação irregular na fronteira. O êxodo forçado foi muito criticado pelas autoridades colombianas nas últimas semanas.
— Quando dois líderes têm diferenças, quem sofre são os povos. Temos modelos diferentes, mas podemos nos respeitar. Entendo a preocupação da Venezuela por grupos criminosos na fronteira, e pedi que ele respeite os direitos dos colombianos, algo ao qual ele se comprometeu a investigar — disse Santos.
ESFORÇO POR REAPROXIMAÇÃO
Antes do encontro, o tom era de desconfiança. Ainda na segunda-feira, durante a reunião multilateral, a cidade colombiana de Cúcuta registrou mais incursões por forças venezuelanas.
Para Santos, a atual situação “é um dos capítulos mais tristes de nossa História”.
— O estado de exceção não pode ser usado para justificar abusos contra os direitos humanos. Os problemas na fronteira, como o narcotráfico, o contrabando os grupos criminais, são de tempos antigos, e por isso temos que buscar a solução. Mas a Colômbia não é culpada pelos problemas da Venezuela. Viajamos a Quito com a melhor das intenções, em busca de diálogo e prudência — disse Santos, que já havia acusado Caracas de usar a questão fronteiriça para “maquiar” os graves problemas econômicos e políticos que enfrenta.
Maduro, por sua vez, afirmou que a situação dos mais de 17 mil colombianos afetados pela crise iniciada com o estado de exceção em cidades venezuelanas não é o foco. Ele foi firme em dizer que tem propostas concretas para “construir uma fronteira de paz e atender o êxodo massivo de colombianos na Venezuela.”
— Cinco milhões de colombianos chegaram à Venezuela fugindo da guerra e da pobreza. Não podemos dar passos em falso. As medidas que tomarei hoje são saudadas e apoiadas massivamente pelo povo venezuelano. Quero iniciar um novo tempo de relações com a Colômbia, com respeito, cooperação, benefício mútuo, paz, convivência e coexistência. Que ninguém se meta nos assuntos da Venezuela e não o façamos com ninguém.
As chanceleres María Ángela Holguín (Colômbia) e Delcy Rodríguez (Venezuela) já haviam se encontrado duas vezes, mas não chegaram a um consenso para a reabertura de regiões fechadas. Desde 20 de agosto, início da crise na fronteira, os países vêm trocando acusações.
FONTE: O GLOBO com ‘EL TIEMPO’/GDA