Ministro da Defesa do governo Lula afirma que é perigoso atrasar implantação do Sisfron, programa que vigia as fronteiras brasileiras e tem como objetivo principal coibir o tráfico internacional de drogas
Em meio às restrições orçamentárias pelas quais passa o país, projetos estratégicos das Forças Armadas, como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), estão ameaçados. Em audiência ontem na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE), o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim disse não ter certeza se esse ministério é uma prioridade para a presidente Dilma Rousseff:
— No governo Lula, eu tinha clareza que a questão de defesa estava dentro da perspectiva governamental. Clareza eu já não tenho em relação ao governo da presidente Dilma. Não sei se isso é um tema fundamental — disse Jobim.
Mesmo com cortes de mais de R$ 5 bilhões no orçamento da pasta, o ex-ministro acredita ser possível manter as prioridades do setor. Ele reconheceu que está afastado do tema desde que deixou o Ministério da Defesa, em 2011, no começo do governo Dilma. Ele assumiu o cargo em 2007, na gestão Lula.
— A situação orçamentária naquela época era melhor do que é hoje. A questão é compatibilizar a manutenção do projeto e distensioná-lo, considerando a situação orçamentária, mas não abandoná-lo.
Uma das preocupações manifestadas por Jobim e pelos senadores durante a reunião é com o atraso na implantação do Sisfron. O programa, que visa coibir especialmente o tráfico de drogas e armas, começou a ser instalado em 2013, com prazo de conclusão de dez anos, mas sofre com os baixos repasses do governo. Disse Delcídio do Amaral:
— O problema da violência nasce nas fronteiras. Se não tivermos uma política competente, não vamos nunca resolver o problema das drogas e da violência nas grandes cidades. A preocupação com a proteção das fronteiras também foi manifestada por Ricardo Ferraço, Tasso Jereissati, Ronaldo Caiado, Jorge Viana, José Pimentel e Sérgio Petecão.
Sobre o tema, Jobim disse:
— Não há como ter ocupação do solo [de fronteira] de 17.719 quilômetros. É impossível. Daí a necessidade do monitoramento, daí o Sisfron. haveria uma fórmula de monitoramento dos acessos de fronteira. E não seria só a entrada pelo ar, seriam também as entradas pelos rios e pelo solo. Assim, teria como avisar às autoridades quando fosse necessário obstruir [a fronteira]. Mas tem que ter investimento.
FONTE: Jornal do Senado