Uma patrulha constituída por militares portugueses na missão da ONU na República Centro-Africana foi atacada no sábado, em Bangui, por um grupo armado, não se registando baixas, informou o Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA).
Em comunicado, o EMGFA adianta que os militares portugueses realizavam uma patrulha de rotina no terceiro distrito da capital da República Centro-Africana, quando, pelas 19:10 locais, foram alvejados por tiros de armas leves, disparados por um grupo armado que “utilizou a população civil (mulheres e crianças) como escudo humano” para se proteger.
“Logo que esclarecida a situação e com alvos bem definidos, constituídos por elementos armados que disparavam, os militares portugueses abriram fogo controlado sobre os mesmos e largaram gás lacrimogéneo, tendo como resultado a desorganização das posições de tiro e a fuga dos integrantes do grupo armado”, lê-se no comunicado.
Na nota informa também que “todos os militares portugueses encontram-se bem, não existindo baixas”.
A missão das Nações Unidas na República Centro Africana (MINUSCA) já tinha informado hoje, no início da tarde, à agência France Presse, que uma patrulha esteve “sob fogo de artilharia” no bairro muçulmano PK5, mas sem apontar as nacionalidades dos militares envolvidos.
Segundo a France Presse, este é o primeiro ataque contra os “capacetes azuis” no PK5, um bairro comercial de maioria muçulmana de Bangui, desde o reacendimento da violência naquela zona em finais de 2017.
“Estes ataques (…) mostram a natureza criminosa dos grupos armados no bairro PK5”, disse o diretor de comunicação da MINUSCA, Hervé Verhoosel, relembrando que o líder do grupo envolvido no ataque, Nimery Matar Jamous, tinha alertado, na quarta-feira passada, que “atacaria os capacetes azuis”.
Em finais de março, a missão da ONU ameaçou desmantelar todas as bases dos grupos armados presentes no bairro PK5, acusados de atos de violência e abusos contra os habitantes locais, caso estes não entregassem as armas.
A República Centro-Africana é um país atormentado por um conflito desde 2013.
As autoridades centro-africanas apenas controlam uma pequena parte do território nacional. Num dos países mais pobres do mundo, vários grupos armados disputam províncias pelo controle de diamantes, ouro e gado.
Portugal integra a MINUSCA
No início de março, a 3.ª Força Nacional Destacada (FND) partiu para a República Centro-Africana: um contingente composto por 138 militares, dos quais três da Força Aérea e 135 do Exército, a maioria oriunda do 1º batalhão de Infantaria Paraquedista.
Estes militares juntaram-se aos 21 que já estavam sediados no aquartelamento de Bangui, desde o dia 18 de fevereiro.
O atual contingente foi substituir a 2ª FDN, força integrada por um contingente de 156 militares do Exército, na sua maioria do regimento de Comandos, após seis meses de empenhamento nas regiões de Bangui, Bocaranga e Bangassou.
No terreno está também uma missão de treinamento da União Europeia (European Union Training Mission – EUTM), iniciada em 2014 e que conta atualmente com 14 militares portugueses.
O mapa das FND, divulgado no último dia 15 de dezembro, prevê que Portugal reforce a missão de treinamento da UE com até 50 militares.
Em janeiro, Portugal assumiu pela primeira vez o comando (durante um ano) da EUTM, onde estão presentes cerca de 170 militares oriundos de 12 países da UE e de estados parceiros.
FONTE: RTP
FOTOS: Ilustrativas