Embora secreto, projeto deverá ter características superiores ao atual Chkval.
Por Aleksandr Verchínin
Um novo torpedo de alta velocidade, chamado Khischnik (Predador), está sendo finalizado por projetistas da empresa de aviação Elektropribor para a Marinha russa. O equipamento irá substituir o atual Chkval (Rajada), cuja ogiva é considerada líder global em velocidade e força destrutiva.
Apesar do anúncio, feito por analistas militares em outubro, não há informações sobre as características técnicas do novo torpedo.
No entanto, o fato de uma empresa de aviação estar envolvida no projeto sugere, segundo os militares russos, que se trata de um míssil submarino cujo motor tem muito em comum com seus equivalentes aéreos.
Torpedo quebra-recorde
O projeto para desenvolver um novo torpedo capaz de carregar uma ogiva nuclear foi emitido na União Soviética, ainda durante a década de 1970. Resultado da iniciativa, o Chkval entrou em serviço em 1977 e, apesar de sua idade avançada, ainda é recordista entre os projéteis submarinos.
Um torpedo comum atinge velocidade máxima de 140 km/h, o que permite que um navio alvejado por ele manobre e evite ser atingido. O Chkval, porém, não dá chance ao inimigo: sua velocidade é quase três vezes maior que a de um torpedo padrão.
Isso significa que um navio a ser atingido tem apenas um terço do tempo comum de manobra – em um combate, o golpe é praticamente inevitável.
O segredo da velocidade do Chkval está em seu motor, que funciona com combustível sólido. Enquanto os demais torpedos ganham velocidade com a ajuda de hélices, o russo usa supercavitação (fenômeno hidrodinâmico quando o objeto se move a grande velocidade em ambiente fluido).
Na prática, o design especial de seu motor permite alcançar um efeito físico único, pelo qual uma bolha de gás se forma em torno do torpedo em movimento, permitindo que o projétil se mova virtualmente no vácuo e diminuindo o atrito.
Herança da Guerra Fria
A exemplo de muitos outros projetos militares originados durante a Guerra Fria, o Chkval foi criado como uma resposta soviética ao desenvolvimento da defesa aérea naval norte-americana e sobreviveu ao confronto global URSS-EUA.
Na época, a aviação soviética não era páreo para a poderosa marinha americana, e os torpedos surgiram como uma tecnologia destinada a compensar essa deficiência.
Em 1992, os designers russos desenvolveram uma versão do Chkval para exportação que, mesmo sendo inferior ao original em termos de escala e velocidade, era superior a seus análogos estrangeiros.
Apesar de este torpedo estar em serviço há quase 40 anos, grande parte de suas características técnicas continuam sendo secretas, e a maioria das tentativas de replicá-lo no exterior falharam. Foi somente em 2005 que a Marinha Alemã recebeu um foguete submarino com especificações próximas às do Chkval mas, mesmo assim, não conseguiu vencer seu equivalente russo em termos de velocidade.
FONTE: Gazeta Russa