‘Mãe de todas as bombas’ dos EUA matou 36 jihadistas no Afeganistão

Foto mostra Massive Ordnance Air Blast (MOAB), conhecida popularmente como a “mãe de todas as bombas” – AP

WASHINGTON — Na sua segunda ofensiva militar em apenas uma semana, os EUA lançaram na quinta-feira a sua bomba não nuclear mais poderosa, conhecida como “a mãe de todas as bombas”, contra um alvo do Estado Islâmico (EI) no Afeganistão. O Ministério da Defesa afegão afirma que o ataque matou 36 jihadistas no distrito de Achin, da província de Nangarhar, perto da fronteira com o Paquistão, sem ferir civis. A estimativa americana é que, na região, operem entre 600 e 800 combatentes extremistas.

“O bombardeio destruiu redutos estratégicos do Daesh (sigla em árabe do EI) e um complexo de túneis e matou 36 combatentes”, declarou o ministério da Defesa afegão em um comunicado.

A Massive Ordnance Air Blast (MOAB) destruiu três túneis subterrâneos usados pelo EI para se locomover, além de munição e armas. A “mãe de todas as bombas” foi desenvolvida para a Guerra do Iraque, mas este foi o primeiro uso em combate do armamento.

— Nós miramos um sistema de túneis e cavernas que os combatentes do Estado Islâmico usam para se mover livremente, o que torna mais fácil para eles mirar conselheiros militares dos EUA e forças afegãs na área — disse o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.

A jornalistas, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que deu total autorização aos militares para lançar a bomba. O republicano chamou a ofensiva de “um novo sucesso” do seu governo.

Até esta quinta-feira, esta bomba havia sido utilizada apenas em testes realizados pela Força Aérea em 2003. No último fim de semana, um soldado americano morreu em combates na província de Nangarhar, no leste do Afeganistão.

Com 11 toneladas de explosivos, a MOAB foi testada pela primeira vez em março de 2003, numa base da Força Aérea americana na Flórida. Um segundo teste aconteceu em novembro do mesmo ano, e os militares iniciaram a produção para apoiar a campanha militar no Iraque. Na época, a CNN noticiou que uma bomba foi transportada para o Golfo Pérsico, mas nunca foi usada.

— Essa explosão foi a mais poderosa eu já vi em toda a minha vida. Enormes colunas de fogo tragaram toda a área disse Esmail Shinwari, governador do distrito de Achin.

Uma fonte próxima dos insurgentes afegãos afirmou, sem revelar a sua identidade, que os habitantes da região sentiram o solo tremer como durante um terremoto, e alguns desmaiaram devido ao poder aéreo.

— As pessoas começaram a deixar a zona por medo de novos bombardeios — acrescentou a fonte.

Um porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, condenou em comunicado o bombardeio dos americanos, afirmando que os EUA utilizam o Afeganistão como um laboratório experimental. Defendeu que eliminar o Estado Islâmico era trabalho dos afegãos.

ATAQUE ESTRATÉGICO

Comandante das forças americanas no Afeganistão, o general John Nicholson disse que as baixas e perdas do Estado Islâmico no país vêm se acumulando. E, por isso, os jihadistas vêm investindo em túneis e barreiras para reforçar sua defesa. Atualmente, estima-se que o grupo extremista tenha entre 1 mil e 5 mil membros no país.

— Esta é a munição correta para reduzir estes obstáculos e manter o ímpeto da nossa ofensiva — disse o general, segundo a BBC.

A ofensiva vem como mais uma demonstração de força de Trump, cujo mandato não completou nem mesmo três meses. Na semana passada, o republicano ordenou o lançamento de 59 mísseis contra uma base militar síria, no primeiro ataque americano direto ao presidente sírio, Bashar al-Assad, em seis anos de guerra civil.

Além disso, poucos dias depois, os EUA enviaram navios de guerra para a península coreana, em um sinal de ameaça para a Coreia do Norte. O regime norte-coreano representa uma ameaça nuclear e considera o governo americano um importante inimigo.

FONTE: O Globo

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