Por Artiom Kureev
Em uma rara entrevista pública, combatentes das Forças de Operação Especial russas admitiram seu agradecimento ao míssil guiado antitanque Kornet. Conheça características da arma usada por grupo para escapar de emboscada.
Como resultado de uma falha comunicação com o Exército sírio, 16 comandos de uma unidade das Forças de Operação Especial russas foram deixadas diante de mais de 300 membros da Frente Al-Nusra na província de Aleppo, em abril passado.
Em um combate que durou dois dias, membros da unidade contaram, em uma rara entrevista pública em 10 de maio, que haviam conseguido “destruir um carro-bomba, dois veículos de combate de infantaria, um tanque e um número incontável de militantes”, sem que qualquer integrante da Spetsnaz ficasse ferido. Segundo os oficiais, o sucesso se deveu ao míssil antitanque Kornet.
As unidades da Spetsnaz (termo usado na Rússia para descrever as Forças Especiais) unidades estão na Síria realizando operações de inteligência para ajudar as Forças Aeroespaciais russas e o Exército sírio a atingirem as instalações dos terroristas.
Artilharia de bolso
O míssil guiado antitanque Kornet foi apelidado de Spriggan pela Otan – Spriggans são um tipo de duendes escoceses capazes de inflar-se até o tamanho de um gigante.
Embora a lógica por trás dessa nomenclatura seja presumível, o nome fornece uma pista sobre as características técnicas mais importantes do Kornet e por que essa arma é reverenciada por membros da Spetsnaz.
O Kornet foi projetado na década de 1990 como um míssil guiado antitanque – e os tanques continuam sendo o seu principal alvo. No entanto, pode até ser usado contra alvos aéreos como, por exemplo, helicópteros, o que o torna um míssil multiuso.
O aparato formado por lançador e mísseis Kornet pesa 30 quilos cada e pode ser facilmente manuseado por duas pessoas. Em um dos primeiros comerciais sobre o míssil produzido nos anos 1990, os fabricantes mostraram que o Kornet poderia ser seguramente transportado até mesmo por burrosem regiões montanhosas. Os mísseis podiam cair no chão e não precisavam de condições especiais de armazenamento.
Além disso, o Kornet pode ser implantado em um minuto e é capaz de “penetrar mais de um metro na blindagem de aço, inclusive reativa”, afirmam os desenvolvedores.
Isso significa que todos os principais tanques de batalha, como o M1A2 Abrams, o AMX-56 Leclerc, o Challenger 2, o Leopard 2A6 e o Merkava Mk3 são alvos fáceis, já que nenhum deles goza de blindagem pesada.
Fora os aspectos citados, a orientação laser e o visor infravermelho associados ao Kornet fazem dele um míssil anti-interceptação operável sob qualquer condição climática. O lançamento de Kornet é de difícil detecção e pode atingir alvos a um raio entre 3 quilômetros à noite e 5 quilômetros de dia.
Escândalo envolvendo Israel
Quando questionados se o Kornet havia sido usado em conflitos recentes contra tanques Abrams ou Merkava, seus engenheiros afirmaram não dispor de tais dados e que apenas confiavam em fontes abertas na internet.
Segundo tais fontes, o Kornet foi usado durante a Guerra do Líbano em 2006. Neste conflito, segundo o governo de Israel, 46 tanques Merkava teriam sido atingidos. Fontes do Hezbollah relatam, porém, que os israelenses perderam 164 Merkavas.
O suposto uso pelo de Kornets pelo Hezbollah gerou um incidente diplomático com israelenses, que foram a Moscou para comprovar o uso da arma. O Kremlin não confirmou a transferência, mas apertou o controle sobre uso do míssil por terceiros.
Outro caso de suposto uso bem-sucedido desses mísseis foi apresentado pela agência de notícias Amaq, ligada ao Estado Islâmico, que divulgou um vídeo com a destruição de um tanque de batalha Abrams M1 (fabricado pelos Estados Unidos) perto de Mosul, no Iraque.
Força dupla do míssil
Apesar de o Kornet ser usado na Síria por unidades altamente treinadas da Spetsnaz, nenhum conhecimento especial é necessário para colocá-lo em prática.
É preciso apenas encontrar o alvo através da mira ótica da arma e posicionar o feixe de laser sobre ele. O míssil irá guiar-se enquanto o usuário mantiver o laser no alvo.
O recurso que torna o Kornet altamente eficaz é o uso de ogivas duplas: a primeira detona a blindagem reativa do tanque (camada protetora de explosivos), e a segunda, que é a ogiva principal, penetra a blindagem e destrói o alvo.
FONTE: Gazeta Russa