Por Aleksandr Verchínin
A Rússia e os Estados Unidos são os únicos países do mundo que dominam o ciclo completo da produção de mísseis de cruzeiro. Entre os diversos escritórios russos envolvidos no desenvolvimento de mísseis, o maior deles é o KB Novator, em Iekaterinburgo, que ganhou fama durante a atual incursão na Síria.
No início de outubro, navios de guerra russos lançaram, a partir do mar Cáspio, um ataque com mísseis de cruzeiro contra alvos militares do Estado Islâmico (EI) na Síria. Depois de voarem quase 1.500 km sobre o território de dois Estados (Irã e Iraque) e atingirem os alvos com precisão cirúrgica, os poucos conhecidos mísseis de cruzeiro Kalibr, desenvolvidos nos Urais, ganharam fama mundial.
O propósito desse tipo ataque foi uma demonstração de poder militar e tecnológico, garantem os observadores, já que a existência de armas como essa no arsenal russo altera os planos estratégicos de outras grandes nações. Mas as características técnicas e táticas de desempenho de tais mísseis são mantidas como segredo de Estado.
Pode-se, assim, analisar somente o desempenho dos modelos exportados do Kalibr, que são obviamente inferiores aos presentes no Exército russo. Com 8 metros de comprimento e 2 toneladas, esses grandes mísseis alcançam 3.000 km/h e são três vezes mais rápidos que a velocidade do som.
Perigo do mar
Além do Kalibr, a KB Novator desenvolve toda uma linha de produtos de alta qualidade. Um dos maiores projetos é o complexo de mísseis de utilização marítima Granat, conhecido mundo afora como Garnet.
Esse míssil, que possui mais de 8 metros de comprimento e pesa quase 1,5 toneladas, é lançado através dos tubos de torpedo em submarinos. Segundos após o lançamento, o míssil descarta seu invólucro especial e emerge da água a uma velocidade superior a 3.000 km/h.
Devido aos materiais utilizados em sua fabricação, o míssil reflete pouca irradiação eletromagnética, evitando não só a sua detecção, como qualquer contra-ataque imediato.
A carga de combate do Garnet, que pode ser nuclear, atesta o alto desempenho do armamento e representa uma séria ameaça aos inimigos.
70 anos na disputa
Além dos mísseis de cruzeiro, a KB Novator fabrica ainda foguetes terra-terra de 152mm, sistemas de mísseis antiaéreos Buk e S-300, bem como instrumentos de pesquisa meteorológica.
Desde o momento de sua fundação, sob o nome de Unidade de Engenharia Nº 8 das Plantas Urais, em 1947, a empresa mantinha os canhões na linha de frente da produção.
Ao longo das décadas de 1950 e 1960, o foco foi alterado: a artilharia de tubo logo perdeu eficácia frente aos mísseis, cuja tecnologia se mostrou mais adequada a destruir alvos aéreos, de superfície e submarinos.
Atualmente, a KB Novator conta com mais de 2.500 funcionários e possui um faturamento anual de 300 milhões de dólares obtido por meio de fornecimentos aos exércitos russo e estrangeiros.