Após essa derrota, o EI, que chegou a controlar até um terço do território iraquiano em 2014, detém apenas uma cidade no norte de Bagdá e três localidades da região desértica na fronteira com a Síria.”Nossa felicidade é total. A vitória chegou e a província de Nínive já está completamente nas mãos das nossas forças”, afirmou o primeiro-ministro Haider al-Abadi em um comunicado enviado à AFP, ao se referir à região do norte do Iraque, na qual as forças do país já haviam recuperado Mossul em julho.
Em 20 de agosto, as forças governamentais e paramilitares iraquianas lançaram um assalto contra Tal Afar, 70 km a oeste de Mossul. “Tal Afar, a resistente, se junta a Mossul, a cidade livre, e recupera seu lugar no território nacional”, ressaltou o premiê.
A retomada da localidade, apontada na semana passada pelo general britânico Rupert Jones, é a segunda sob o comando da coalizão internacional antiextremistas e “encerra a presença militar do EI no norte do Iraque”.
O avanço foi rápido na cidade, onde 200.000 pessoas viviam antes da chegada dos “jihadistas”. Ao reassumir o controle de Mossul que, segundo um comandante militar da coalizão, representava “o símbolo do ‘califado’ do grupo extremista”, as forças iraquianas infligiram um duro golpe contra o moral dos islamitas.
De acordo com esse comandante, Tal Afar era defendida por “uma força residual” de extremistas, “profundamente desestabilizados e moralmente esgotados”. As forças anti-EI se viram confrontadas, no entanto, com uma forte resistência dos combatentes do grupo em uma localidade mais ao norte, Al Ayadieh, na direção da Síria.
Foi nesta localidade que se entrincheiraram os últimos extremistas. No início da ofensiva no dia 20, “eram entre 1.000 e 1.400”, afirmou o segundo comandante da Força Aérea da coalizão, Andrew A. Croft. “As forças iraquianas eliminaram entre 600 e 700 combatentes do EI”, disse ele em entrevista à AFP, acrescentando que “cerca de 100 se renderam”.
Após o anúncio da tomada de Tal Afar, a coalizão divulgou uma nota, parabenizando as forças iraquianas por sua “impressionante vitória”. O texto alerta, porém, que a missão não está encerrada nessa localidade. “Ainda há um perigoso trabalho para eliminar todos os artefatos explosivos, identificar os combatentes do EI que fugiram e eliminar os últimos elementos de resistência jihadista”, afirmou.
Depois da tomada de Tal Afar, duas zonas permanecem nas mãos dos extremistas: Hawija, 300 km ao norte de Bagdá; e três cidades na região desértica próxima à fronteira síria – Al-Qaim, Rawa e Anna. Tomar Hawija será complicado, porque a província de Kirkuk, onde está localizada, é uma zona disputada pelo governo federal de Bagdá e a região autônoma do Curdistão iraquiano. “A operação (de reconquista) foi adiada”, anunciou o general Halgurd Hikmat, porta-voz dos peshmergas, os combatentes curdos que participaram da tomada de Mossul.
Segundo esse porta-voz, por enquanto, Hawija deverá ser a prioridade. Contrário ao referendo curdo pró- independência, previsto acontecer em 25 de setembro, o governo de Bagdá pode decidir, porém, lançar a ofensiva contra Hawija antes dessa consulta, acreditam especialistas.
Em 2014, o EI conquistou amplas faixas de território no Iraque, mas foi perdendo terreno frente às múltiplas ofensivas lançadas pelas autoridades iraquianas e por seus aliados, entre eles uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.
Em seu comunicado, o presidente Abadi afirma que “a promessa ao povo é a de continuar com determinação para libertar cada centímetro do território iraquiano”. “O recado que damos ao EI é: estejam onde estiverem, iremos para libertar o país, e vocês não terão outra opção a não ser morrer, ou se render”, frisou.
FONTE: AFP
FOTOS: Ilustrativas