Por Jarbas Aragão
O anúncio do Irã de que está enviando navios de guerra de última geração para a Venezuela é encarado pelos Estados Unidos como uma provocação e poderá gerar uma reação imediata de Washington.
“A chegada desses navios iranianos irá perturbar a ordem regional”, disse Rocio San Miguel, presidente da Control Ciudadano, uma ONG que monitora as forças armadas da Venezuela.
“Certamente vai incomodar os países que têm fronteiras com a Venezuela e criar uma situação indesejável”, acrescentou ele em entrevista ao Miami Herald.
Em meio às crescentes tensões entre Washington e Teerã, o governo iraniano lançou na semana passada o destroier Sahand, construído no país islâmico, com propriedades furtivas que permitem evitar a detecção de radares. Ele pode transportar helicópteros, disparar torpedos e derrubar aviões.
“Nossos planos para o futuro próximo incluem enviar dois ou três navios, com helicópteros especiais, para a Venezuela. Farão parte de uma missão sul-americana, que pode durar cinco meses”, disse o vice-comandante da Marinha iraniana, contra-almirante Touraj Hassani Moqaddam.
A Venezuela tornou-se um importante aliado estratégico do Irã nos últimos 20 anos de governo chavista. Os dois países assinaram acordos econômicos e militares avaliados em bilhões de dólares.
Se o anúncio de Teerã se confirmar, isso pode ser muito negativo para os dois países, alertou Martín Rodil, especialista em relações internacionais.
“Isso é extremamente perigoso. É uma loucura enviar três navios de guerra para o quintal dos EUA”, afirmou Rodil. “O Irã hoje é o ponto mais crítico da política externa dos EUA. É uma das questões que o presidente Donald Trump dedica a maior parte do seu tempo. Enviar esses navios seria uma provocação que a administração não poderia ignorar”, acrescentou.
Trump retirou os Estados Unidos de um acordo internacional assinado pelo governo Obama para conter o programa nuclear iraniano e reintroduziu sanções econômicas contra Teerã.
Apesar das advertências de Washington de que o Irã continua sendo um perigo para o mundo ocidental, o regime de Nicolas Maduro continua fomentando relações com os persas.
A relação próxima de Teerã com Cuba, Rússia e, mais recentemente, Turquia, tem gerado temores em governos vizinhos, especialmente por causa das crescentes tensões entre esses países e os Estados Unidos.
Crise criada por Cuba
A Gran Alianza Nacional (GANA), movimento de oposição venezuelana, afirma que Maduro está disposto a criar uma “crise internacional”, se necessário, para fortalecer seu relacionamento com esses países em um momento em que seu país vem sendo denunciado pelas constantes violações de direitos humanos.
“Essas ações, que fazem parte de um roteiro escrito em Cuba, seriam planejadas para criar um conflito internacional com o objetivo de manter Maduro no poder depois de 10 de janeiro de 2019, quando seu mandato presidencial deveria acabar, em troca de entregar o controle de nosso território nacional para a Rússia, China, Cuba, Irã e outros países”, disse a Aliança em um comunicado.
“Maduro sabe que ele está encurralado. O governo dos EUA e o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, disseram claramente que vão agir para restabelecer a democracia na Venezuela”, acrescentou a GANA em uma declaração oficial.
“O ministro das Relações Exteriores do Chile anunciou publicamente que várias nações vão acabar com o reconhecimento do regime venezuelano a partir de 10 de janeiro”, acrescentou.
FONTE: GOSPEL PRIME