As afirmações dos EUA dirigidas contra a postura chinesa no mar do Sul da China podem se transformar em um foco de tensões e provocar consequências nos próximos dias até fora das ilhas disputadas.
Altos responsáveis da administração do presidente norte-americano Donald Trump estão prestando muita atenção à presença militar chinesa no mar do Sul da China. O secretário de Estado dos EUA Rex Tillerson e o conselheiro principal Steve Bannon alertaram sobre as grandes pretensões territoriais da China na região.
Ainda em 11 de janeiro Tillerson deixou claro que “os EUA precisam enviar à China um sinal claro de que, em primeiro lugar, a construção das ilhas deve parar, e, em segundo – o acesso a essas ilhas também não será autorizado”.
Por seu turno, Bannon advertiu que, a médio ou longo prazo, poderá até começar uma guerra:
“Vamos entrar em guerra no mar do Sul da China num prazo entre cinco e dez anos, será? Não há dúvidas. Eles estão construindo suas ilhas de areia e fabricando porta-aviões estacionários e instalando mísseis lá”, disse Bannon em março de 2016.
Amy Searight e Geoffrey Hartman escreveram na revista The National Interest que “a resposta às atividades chinesas tem sido insuficiente para alterar a conduta da China e gerou discussões sobre a China estar empurrando os EUA para fora da região”.
Apesar disso, vários analistas preveem uma solução negociada da disputa.
Vinod Saighal, especialista em questões estratégicas, major-general reformado do Exército da Índia, informou à Sputnik que “as reivindicações da China sobre as ilhas, rochas e recifes situados dentro da linha das nove raias foram rejeitadas pelo Tribunal da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS) quando as Filipinas submeteram o caso para avaliação judicial”.
“Enquanto a opinião pública continua a mesma, parece que a China está fazendo alguma revisão; provavelmente, em questões onde o compromisso é possível”, aponta Saighal.
No entanto, o especialista assinala que “a situação poderá virar crítica” e que “nenhuma das duas superpotências deverá dar passos que escalem a situação”.
“Chegou a hora de dar um passo atrás”, conclui.
A China e uma série de países da região, entre eles, o Japão, o Vietnã e as Filipinas, divergem quanto às fronteiras e zonas de responsabilidade no mar do Sul da China e no mar do Leste da China. No terceiro trimestre do ano passado, o tribunal decidiu que os territórios disputados de Spratly não são nem ilhas nem zona econômica exclusiva. A China não reconheceu a decisão tomada pelo tribunal.