EUA suspendem cumprimento de tratado de armas com a Rússia

Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, durante entrevista coletiva em Nova York 26/01/2019 REUTERS/Carlo Allegri

Por Lesley Wroughton e Arshad Mohammed

WASHINGTON (Reuters) – Os Estados Unidos não obedecerão mais o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) firmado com a Rússia a partir de sábado e se desfiliarão em seis meses se Moscou não cessar suas supostas violações do pacto, disse o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, nesta sexta-feira.



Os EUA reconsiderariam sua saída se a Rússia, que nega ter violado o pacto de controle de armas histórico de 1987, cumprir o tratado, que proíbe os dois países de instalarem mísseis terrestres de alcance curto e intermediário na Europa.

“A Rússia se recusou a adotar qualquer medida para voltar a um cumprimento real e verificável”, disse Pompeo aos repórteres no Departamento de Estado. “Apresentaremos à Rússia e às outras partes do tratado o comunicado formal de que os Estados Unidos estão se retirando do tratado INF, o que vigorará em seis meses.”

“Se a Rússia não voltar a um cumprimento real e verificável do tratado dentro deste período de seis meses destruindo comprovadamente seus mísseis que violam o INF, seus lançadores e equipamentos associados, o tratado expiará.”

Alguns especialistas acreditam que o fim do tratado INF poderia minar outros acordos de controle de armas e acelerar a erosão do sistema global concebido para deter a disseminação de armas nucleares.

Washington alega que um novo míssil de cruzeiro russo – o Novator 9M729, chamado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) de SSC-8 – viola o pacto.

O tratado exige que as partes destruam mísseis terrestres balísticos e de cruzeiro com alcances entre 500 e 5.500 quilômetros. Na semana passada o chefe das forças militares de mísseis e artilharia da Rússia disse que o alcance máximo do novo projétil é inferior ao limite mínimo do pacto.

A Rússia diz que o alcance do míssil o exclui do tratado e acusou os EUA de inventarem um pretexto para se desligarem de um acordo que Washington quer abandonar de todo modo para desenvolver novos mísseis, além de rejeitar a exigência norte-americana de destruir o novo míssil.

“A América realmente quer desenvolver novos sistemas de armas que violam o tratado”, afirmou Konstantin Kosachyov, parlamentar russo destacado, dizendo que a suposta violação russa do acordo foi um pretexto conveniente.

Autoridades europeias estão especialmente receosas de que o fim do tratado volte a transformar o continente no palco de uma escalada de mísseis nucleares de alcance intermediário dos EUA e da Rússia.

(Por Makini Brice, Susan Heavey, Steve Holland, Jonathan Landay, Arshad Mohammed e Lesley Wroughton; Reportagem adicional de Gabriela Baczynska, em Bruxelas, e Andrew Osborn, em Moscou)



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