“Esperamos que Brasil, México, Chile e Peru se unam a nós para romper todos os laços econômicos e diplomáticos com a Coreia do Norte e, com esse isolamento, possamos chegar a uma solução pacífica na península coreana sem armas nucleares”, disse Pence em coletiva conjunta com a presidente chilena, Michelle Bachelet. “Respeitamos o pedido dos Estados Unidos, mas o Chile mantém as relações. São relações distantes com a Coreia do Norte porque aplicamos estritamente todas as sanções decretadas pelo Conselho de Segurança” da ONU, respondeu o chanceler chileno Heraldo Muñoz, em declaração à imprensa local.
Pence explicou que no caso específico do Chile, gostaria que “pudesse reclassificar os vinhos como um bem de luxo”, a fim de aumentar seu valor para que a Coreia do Norte não possa consegui-los e transformá-los em dinheiro.
A Coreia do Norte registra importações de vinho chileno que em 2015 chegaram a 65.000 dólares, enquanto o México vendeu petróleo por aproximadamente 45 milhões de dólares, e o Peru exportou cobre por US$ 22 milhões, segundo dados do observatório de complexidade econômica (OEC).
Pence afirmou que a “pressão econômica e diplomática” teve resultados que levam a pensar em uma possível solução para que a Coreia do Norte finalmente abandone o seu programa de mísseis nucleares.
Bachelet, que não se referiu ao pedido de Pence, expressou a sua preocupação com a continuidade do programa de armas nucleares da Coreia do Norte. Também reafirmou “o seu apoio à renovação de todos os esforços diplomáticos” para obter uma solução pacífica que permita cancelar o programa balístico norte-coreano.
As disputas entre Estados Unidos e Coreia do Norte alcançaram o ponto máximo depois que Kim Jong-Un ameaçou, há uma semana, lançar mísseis próximos à ilha de Guam, no Oceano Pacífico, onde os EUA têm uma base militar.
Isto provocou a ira do presidente Donald Trump, que assegurou uma resposta militar sem precedentes, causando o temor da comunidade internacional diante de um possível conflito nuclear.
Posteriormente, Kim anunciou que prorrogaria seu plano para lançar mísseis perto de Guam, o que diminuiu as tensões.
Pence também destacou a decisão de Kim, mas advertiu que “os Estados Unidos da América não permitirão um regime irregular na Coreia do Norte que possa desenvolver um programa nuclear que alcance os Estados Unidos”.
O Chile mantém uma relação comercial com a Coreia do Norte, mas não conta com uma embaixada em Pyongyang.
A viagem de Pence, que começou na Colômbia e seguiu pela Argentina, se enquadra em uma ofensiva diplomática americana contra o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro, e que tem estado marcada pelas declarações de Trump que não descartou a “opção militar” para intervir na Venezuela.
Essas declarações foram rejeitadas na Colômbia por Juan Manuel Santos e na Argentina por Mauricio Macri, durante a visita do vice-presidente americano. “O Chile fará tudo o que for possível para apoiar os venezuelanos a encontrar o caminho pacífico para restabelecer sua democracia, mas o Chile não apoiará nem golpes de Estado, nem intervenções militares”, disse a presidente Bachelet, convergindo com seus contrapartes de Colômbia e Argentina.
O vice-presidente Pence minimizou as declarações de Trump, argumentando que qualquer atuação de seu país se realizará “junto a nossos aliados da região”, e classificou de “mensagem poderosa” a carta assinada na semana passada no Peru por 12 países da região em que criticaram o que consideram uma ruptura democrática na Venezuela.
Em suas declarações, Pence denunciou que “o povo de Venezuela sofre e morre” sob a “tirania” de Nicolás Maduro e padece de uma pobreza extrema. “Os Estados Unidos vão usar toda sua força econômica e diplomática para que se restaure a democracia na Venezuela”, afirmou.
Durante a visita de Pence, cerca de cem pessoas protestaram e queimaram bandeiras americanas no centro da capital chilena.
Pence viajará ao Panamá na quinta-feira na última escala de sua viagem latino-americana.
FONTE: AFP