Em entrevista exclusiva à Felipe Salles, o comandante da fragata Liberal, CF Canela, comentou que o navio foi informado que realizaria esta missão em outubro do ano passado, antes mesmo da União deixar o Brasil. “Diferente do se passou com a União, nosso preparo foi muito facilitado devido a toda a experiência dela nestes cinco meses lá no Líbano. Agora, a Marinha conhece muito bem as necessidades desta missão. Uma coisa que, por exemplo, parecia ser muito crítica no primeiro planejamento, foi desmistificada: a questão segurança dos marinheiros brasileiros em terra na capital libanesa. Hoje já sabemos que não é assim nada que não seja gerenciável. A cidade tem seus riscos, mas hoje já sabemos bem onde se pode ir com segurança e, principalmente, onde não se deve ir”. Canela completou ainda: “toda a região do Mediterrâneo Oriental é, por si só, uma área realmente perigosa, não podemos relaxar por lá. Temos agora uma visão muito mais clara dos desafios que enfrentaremos ao longo desta missão operacional, sabemos bem os recursos que estão à nossa disposição por lá, assim como, que o apoio que nos é prestado pela Marinha do Líbano é bom. No que tange a tripulação, entre 20 e trinta membros da tripulação deixaram o navio antes do início desta comissão. Em sua maioria, estes eram casos de militares que, ou alcançariam a data de sua saída de serviço durante os oito meses da viagem, ou, eram casos em que sua longa ausência do país lhes impediria de participar de cursos que são cruciais para seu progresso profissional dentro da Marinha”.
Mesmo assim, a preparação do navio para a longa missão colocou um pesado fardo nos setores operativo e de abastecimento da Marinha. “Este nível de preparo para a comissão fala muito bem da capacidade de mobilização da Marinha do Brasil”, comentou o Cte Canela. A partida do navio contou com a presença de centenas de familiares dos tripulantes da fragata Liberal que foram à BNRJ se despedir deles. Diante da tripulação formada no convoo, o Comandante da Força de Superfície, Almirante Pontes Lima, elogiou o comprometimento da tripulação com esta missão, salientando sua grande importância para os objetivos maiores da geopolítica brasileira.
Outro que se dirigiu à tripulação neste momento foi o Almirante de Esquadra reformado José Alberto Accioly Fragelli, que atualmente se encontra coordenando o programa de desenvolvimento submarino nuclear da Marinha do Brasil. Ele recebeu o navio no Reino Unido e foi seu primeiro imediato. Fragelli posteriormente ainda voltaria à Liberal para se tornar seu quinto comandante, sedimentando, de vez, sua relação com o navio. O almirante Fragelli declarou seu amor pela Liberal e disse, claramente emocionado, que “se ele pudesse deixaria tudo que ele fazia agora para ter o prazer de acompanhar o navio nesta missão histórica”.
Já está decidido que o próximo navio a servir na MTF, caso não haja nenhuma grande alteração no status quo, deve ser a fragata Constituição (F42). A escolha dos navios para esta missão tem respeitado, grosso modo, a sequencia das conclusões dos Períodos de Manutenção Geral (PMG) da classe Niterói. O Comandante Canela contou a ALIDE que o navio concluiu com sucesso sua última Avaliação Operativa após o PMG em fevereiro deste ano.
O Comandante Canela finalizou comentando que todos os seus tripulantes já entenderam que sua participação nesta missão automaticamente o credencia a participar de futuros ciclos de planejamento para missões semelhantes. Que isso é, inegavelmente, uma grande credencial na carreira de cada um. “O Currículo passa a ser outro! Recentemente, por exemplo, todos os tripulantes da União foram agraciados com a medalha de Forças de Paz da ONU. Do comandante ao marinheiro mais moderno”, explicou ele. “Sinto um extremo orgulho do nosso navio, da tripulação, de termos a possibilidade de demonstrar a capacidade que o Brasil tem de realizar, com sucesso, uma missão destas, tão longe das nossas costas, especialmente numa área tão complexa, geopoliticamente falando, como é esta. Estamos prontos para encarar dificuldades e enfrenta-las. No final, nossa bagagem será fantástica”.
Fonte: Alide