Três meses depois do anúncio pelo governo brasileiro de sua opção pelos caças suecos Grippen para reequipar a Força Aérea, em detrimento do francês Rafale e do norte-americano F-18, o embaixador da França no Brasil, Denis Pietton, classificou o tema como uma “página virada”. Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele anunciou os três novos eixos da parceria estratégica entre os dois países: energia, satélites e supercomputadores.
Convidado a fazer uma exposição sobre o atual estágio das relações bilaterais, por iniciativa do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o embaixador ressaltou o papel a ser desempenhado pela transferência de tecnologia de seu país ao Brasil.
– O que nos interessa é que mais empresas francesas se instalem no Brasil e que elas concorram para concretizar a ambição do Brasil de ser uma potencia mundial. O Brasil é a sétima economia mundial, o que motiva nosso interesse em verdadeiras transferências de know-how e de tecnologias – afirmou.
Uma das áreas em que as empresas francesas têm grande interesse, segundo observou, é a de energia, tanto no que diz respeito à exploração de petróleo na área do pré-sal, por meio da Total, como no que se refere à produção de energia hidrelétrica e nuclear, com as empresas Suez e Areva. No que se refere aos satélites, ele citou a participação da francesa Thales na construção de um satélite brasileiro de uso civil e militar. O embaixador mencionou ainda as negociações entre o governo brasileiro e a empresa Bull para a produção de supercomputadores.
No setor de defesa, se a França não conquistou a preferência do Brasil para a construção de caças, por outro lado já coopera com o Brasil na produção de cinco submarinos – um dos quais será movido a propulsão nuclear. A França, segundo ressaltou Pietton, é o primeiro país nuclear a transferir esse tipo de tecnologia. O embaixador anunciou ainda que estão em andamento negociações para a construção de navios porta-aviões para a Marinha brasileira. A senadora Ana Amélia (PP-RS) perguntou se esse projeto poderia “compensar a frustração” dos franceses pela escolha dos Grippen.
– A senadora falou de frustração. Não usaria essa palavra. Pensamos que o Rafale é um excelente avião. O Brasil fez uma escolha que respeitamos, a página está virada, há outros mercados para o Rafale. A construção de um porta-aviões requer muita tecnologia. Temos consultas a respeito do tema, mas ainda há a questão do avião a ser usado – relatou.
FONTE: Agência Senado