Brasil e Venezuela, por várias razões, tornaram-se potências militares latino-americanas. Colômbia e Chile ocupam terceiro e quarto lugar respectivamente. Especialista argentino em geopolítica, Damián Jacubovich, comenta o assunto para a rádio Sputnik Mundo.
Na segunda-feira (20), Venezuela teve que defender mais uma vez o seu espaço aéreo derrubando uma nave que havia entrado ilegalmente em seu território, evidenciando, assim, a eficácia do sistema e a frente, um dos mais avançados da região.
Jacubovich afirma que a abundância de recursos naturais da Venezuela e o assédio que sofre por parte dos Estados Unidos, além da aspiração do Brasil de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, explicam a supremacia destes dois países na região.
Respondendo à questão se há ou não necessidade de criar na América Latina um bloco parecido à OTAN, Damián Jacubovich afirma que sim, pois um bloco unido é o único jeito de combater as ameaças enfrentadas pela região.
“Hoje em dia, eu penso que deveríamos apontar regionalmente a ter algo parecido à OTAN, ou seja, Forças Armadas latino-americanas ou sul-americanas, pois, hoje em dia, há que se fortalecer”, destaca Jacubovich.
Especialista destaca que, no decurso do século XX, as Forças Armadas da América Latina estiveram desunidas, mas, hoje em dia, o continente é capaz de criar forças armadas conjuntas.
O Brasil, segundo Jacubovich, ocupa liderança na lista dos países mais avançados quanto ao nível de equipamento militar:
“Nós falamos que os Estados Unidos supostamente possuam quase a metade de todo armamento mundial. Brasil de alguma maneira é os Estados Unidos da América Latina, que tem mais ou menos 50% de todos os pressupostos equipamentos militares da América Latina”, declara especialista argentino.
Brasil também está no topo da lista dos países da América Latina que exporta mais armas ao continente, logo depois vêm Chile e Equador.
Como pode ser explicado o alto nível militar do Brasil? A resposta é lógica: primeiro, o Brasil é uma potência regional, segundo, o país aspira ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, obrigando-o a estar à altura armamentista da situação.
O segundo lugar da lista é ocupado pela Venezuela, que vem enfrentando difícil situação devido às relações tensas com os EUA. Por isso, nos últimos anos, a política militar da Venezuela aumentou de forma considerável.
Colômbia com problemas de tráfico de drogas e Chile com seus conflitos permanentes com Peru, Bolívia e Argentina também dão muita atenção a questões armamentistas e avançam neste ramo. Ao especificar o tipo de armas preferidas por cada país, Damián Jacubovich frisa: “Colômbia prefere usar caminhões blindados, já o Brasil se interessa por submarinos nucleares”.
“O fornecedor histórico quase imposto durante o século XX tem sido os Estados Unidos, mas isso mudou, sobretudo, na América Latina. Em primeiro lugar, o advento de um mundo pluripolar que dá a possibilidade de escolher o que mais lhe convém. Neste contexto, a Rússia se posicionou como fornecedor por vários fatores: pode oferecer todos os tipos de armamento, por possuir uma tecnologia militar eficaz e duradoura, pela quantidade oferecida de transferência de tecnologia e por serem mais rentáveis”, disse Jacubovich à Sputnik Mundo.
A cooperação com a Rússia na área de armamentos possui várias vantagens: em primeiro lugar, a diplomacia russa, que é conhecida por seu costume de falar com todos, de dialogar; segundo, capacidade russa de oferecer vasto leque de armamentos, de primeira, segunda ou terceira classe, conclui o especialista argentino.
FONTE: Sputnik