Tropas do Exército passarão a atuar com poder de polícia na região sul da Bahia nos próximos dias. A medida foi tomada após o acirramento do conflito entre indígenas e produtores rurais pela posse de terras na área que envolve parte dos municípios de Ilhéus, Una e Buerarema.
A ação foi referendada pela assinatura do decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) que autoriza o uso do instrumento constitucional GLO (Garantia de Lei e Ordem), que prevê poder de polícia para o Exército em situações excepcionais.
O decreto, que tem duração de 30 dias, foi assinado ontem e seria publicado ainda à noite, segundo o Ministério da Defesa.
Um contingente de 524 militares da 6ª Região Militar de Salvador, Feira de Santana, Barreiras e Aracaju (SE) atuará na região com o apoio de 90 veículos, um avião e um helicóptero.
Os soldados farão patrulhamento de toda a região e terão poder para prender criminosos em flagrante. As tropas, comandadas pelo General Rancine Bezerra Lima Filho, começaram a chegar em Ilhéus na última quarta-feira. Desde então, os soldados realizaram operações de treinamento, reconhecimento da região e interação com a comunidade.
Os soldados estão instalados em tendas no estádio municipal Mário Pessoa, cedido pela prefeitura.
A Força Nacional de Segurança Pública –cujo número de homens envolvidos não é divulgado pelo Ministério da Justiça seguirá na área de conflito e vai atuar conjuntamente com o Exército.
CONFLITO
A atuação do Exército com poder de polícia na área de conflito foi pedida oficialmente pelo governador Jaques Wagner (PT) ao governo federal na última terça-feira.
A solicitação foi motivada pelo acirramento dos conflitos após o a assassinato do produtor rural e líder do assentamento Ipiranga, Juraci José Santana. O crime aconteceu no município de Una, na madrugada de terça. A casa e o carro da vítima foram incendiados. Produtores rurais da região acusam índios tupinambás, que têm um histórico de conflito com os agricultores, de terem cometido o crime.
No dia seguinte ao assassinato, houve protestos da população, que resultaram em atos de vandalismo e confronto com a Polícia Militar. O assassinato está sendo investigado pela Polícia Federal e Polícia Civil da Bahia. Até a noite de ontem, ninguém havia sido preso.
FONTE: Folha de São Paulo