Em caso de guerra, quem apoiaria os EUA?

Escalada na retórica entre governo Donald Trump e regime de Kim Jong-un leva tradicionais parceiros a se manifestarem de forma mais incisiva sobre eventual conflito na Península Coreana.

Em meio a tensões verbais crescentes entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, vários países começaram a firmar posições caso a situação na Península Coreana escale para um conflito aberto.

Muitos países ainda têm que se pronunciar sobre um eventual apoio a Pyongyang em caso de confronto, mas a Coreia do Norte já encontra suporte na vizinha China, ainda que com algumas condições. “Se EUA e Coreia do Sul executarem ataques e tentarem derrubar o regime da Coreia do Norte e mudar o padrão político da Península Coreana, a China vai impedi-los”, diz um editorial do jornal estatal chinês Global Times, publicado em inglês.

Porém, o jornal não recomenda que Pequim apoie Pyongyang de maneira irrestrita. “A China também deveria deixar claro que, se a Coreia do Norte lançar mísseis que ameacem o território americano primeiro, levando a uma retaliação por parte dos EUA, a China vai se declarar neutra”, diz o texto.

No início desta semana, o ministério do Exterior chinês exortou tanto a Coreia do Norte quanto os EUA a “pararem com as provocações mútuas”, abrandando a tensão com uma tentativa de retorno a “diálogos e negociações”.

“Não há aliado mais forte”

Ao contrário da China, outros países parecem mais dispostos a escolher um lado em meio à troca de acusações entre o presidente americano, Donald Trump, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. Nesta sexta-feira (11/08), o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, disse a uma rádio local que Washington “não tem nenhum aliado mais forte que a Austrália”. “Vamos deixar isso claro. Se houver um ataque aos Estados Unidos pela Coreia do Norte, o tratado de Anzus (aliança militar no Pacífico Sul entre Austrália, Nova Zelândia e EUA) será invocado, e a Austrália ajudará os EUA”, disse Turnbull.

Já Roh Jae-cheon, porta-voz do Comitê dos Chefes de Estado-Maior das Forças Armadas sul-coreanas, disse na quinta-feira (10/08) que Washington e Seul estão preparadas para “punir severa e imediatamente” as provocações de Pyongyang. Ao mesmo tempo, o Japão afirmou que nunca poderá tolerar” agressões do regime norte-coreano, destacando que, tecnicamente, poderia interceptar um míssil lançado em direção aos Estados Unidos se este for visto como uma ameaça ao território soberano japonês.

Alemanha e OTAN

As autoridades alemãs alertaram para uma situação muito séria” se desenvolvendo entre EUA e Coreia do Norte, mas ainda não se pronunciaram sobre um eventual apoio a uma incursão militar.

Por outro lado, dada a posição da Alemanha na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), analistas indagam se Berlim atenderia ao chamado do grupo se os EUA acionarem o Artigo 5°. Esse dispositivo do estatuto da Aliança Atlântica requer que todos os membros do órgão auxiliem qualquer membro atacado. Mas, segundo analistas, parece improvável que a Alemanha e outros países da OTAN sejam convocados a agir militarmente contra a Coreia do Norte, uma vez que o território americano de Guam (ilha do Pacífico que Pyongyang disse estudar atacar) não se enquadra nos limites geográficos de defesa coletiva detalhados no Artigo 6° do estatuto.

Ao mesmo tempo em que Donald Trump fala em “fogo e fúria” contra a Coreia do Norte em caso de ataque, autoridades da Casa Branca tentam abrandar o tom ríspido do presidente americano. O Secretário de Defesa James Mattis afirmou que “uma guerra seria uma catástrofe”.

FONTE: DW

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