As alegações da Turquia de que o caça russo Su-24 abatido na terça-feira (24) teria “violado” seu espaço aéreo provocou indignação entre os gregos, que desde então têm inundado as redes sociais para denunciar um caso claro de padrões duplos por parte de Ancara: a aviação turca, esta sim, violou o espaço aéreo da Grécia 2.244 vezes só em 2014.
Os internautas se perguntam o que aconteceria se Atenas tivesse autorizado o abatimento das aeronaves turcas, que regularmente cruzam as fronteiras do país.
Nesta quarta-feira (25), o jornal Protothema divulgou o número de violações da parte turca, observando que a Força Aérea da Turquia é geralmente relutante em compartilhar quaisquer detalhes sobre o assunto.
A publicação citou estatísticas compiladas pela Universidade da Tessália com base na contagem dos militares gregos – no total, foram 2.244 violações em 2014, contra 636 no ano anterior.
”Os turcos estão tentando impor a soberania sobre ilhas em disputa e trazer a Grécia à mesa de negociações”, disse Thanos Dokos, diretor-geral da Fundação Helênica para a Política Europeia e Estrangeira, em declaração ao site de notícias Politico, em julho. “O que preocupa são os voos a baixa altitude, muitas vezes por parte de helicópteros, sobre estas ilhas”, acrescentou.
Basicamente, a Turquia não respeita o espaço aéreo de 10 milhas em torno das ilhas do Mar Egeu, o que provoca inúmeros dogfights (modalidade de combate aéreo em que a aproximação das aeronaves é de poucas dezenas ou centenas de metros, exigindo alto grau de destreza e atenção dos pilotos) entre as aeronaves gregas e as turcas que invadem a área.
De janeiro a outubro de 2015, o espaço aéreo da Grécia foi violado 1.233 vezes, incluindo 31 voos sobre o próprio território do país, de acordo com o comando da Força Aérea grega.
A este respeito, a mídia grega observa que os turcos estão aproveitando as dificuldades econômicas enfrentadas atualmente pelo país europeu.
“No caso de incursões aéreas, você tem que reagir”, dissera Dokos. “É muito difícil recuar unilateralmente de uma situação de agressão militar. É uma situação trágica, porque o dinheiro que estamos gastando em dogfights com a Turquia é dinheiro que poderíamos ter gasto em outras áreas de defesa”.
FONTE: Sputniknews