Cooperação incluirá produção conjunta de equipes, formação de especialistas e intercâmbio de pessoal
A Argentina manteve durante décadas uma cooperação intensa nestas áreas com os Estados Unidos, inclusive por baixo da retórica pública beligerante dos últimos anos. Não quer dizer que essa colaboração com Washington tenha desaparecido, mas se encontra minguada, como reconhecem nos dois países. A imagem do chanceler Héctor Timerman apreendendo pessoalmente material de um avião militar norte-americano que havia aterrissado no aeroporto de Ezeiza para um acordo de forças federais argentinas não foi gratuita.
Nesta quinta-feira (23/04), Rossi assinou com seu parceiro russo um convênio de “proteção mútua da informação secreta” que “se gere no âmbito da cooperação técnico-militar, de conformidade com a legislação de cada país”. Conforme foi explicado, isso facilitará “a produção conjunta de equipes de uso militar e no campo tecnológico, a formação de especialistas, execução de trabalhos científicos de investigação e de concepção experimental”.
Rossi contou que, como parte do acordo amplo de cooperação com os russos em termos de defesa, serão “criados grupos de trabalho para a colocação em prática de intercâmbio de pessoal das Forças Armadas para treinamento e formação e a participação conjunta em exercícios e manobras militares”.
A Força Aérea Argentina comprou nos últimos anos dois helicópteros russos Mi17E e quer mais três mais, apesar das dificuldades de financiamento, que o próprio ministro da Defesa revelou ao Clarín. A armada, por sua vez, adquiriu quatro buques para o patrulhamento do Atlântico Sul e tarefas de assistência logística na Antártida. Os 106 marinheiros encarregados do alinhamento dos barcos receberão treinamento nos portos russos de Murmansk e Arkangel.
Berni, por sua vez, assinou um convênio com Viktor Ivanov, titular da agência antidrogas russa, para “reforçar o intercâmbio de informação criminal sobre organizações e pessoas envolvidas em operações de tráfico ilícito de estupefacientes”.
O secretário de Segurança contou ao Clarín que nos últimos anos começaram a ser encontrados vínculos entre grupos de narcotráfico mexicanos e colombianos com outros russos e balcânicas. Alguns desses negócios obscuros passam pela Argentina.
Por outro lado, enquanto os Estados Unidos e a União Europeia mantém suas sanções à Rússia pela anexação da Península da Crimeia – que fazia parte da Ucrânia até o ano passado – Cristina Kirchner reivindicou em Moscou a resolução das Nações Unidas de fevereiro deste ano que chamou a um diálogo entre as partes e condenou as sanções econômicas contra os russos. “Nós acreditamos que a história das sanções de países a países não tem dado resultados; muito pelo contrário”, disse.