China finaliza instalações no Mar do Sul da China que podem abrigar mísseis, dizem EUA

Airbus Defence and Space mostra construção em curso no Fiery Cruz Reef no Mar do Sul da China. A pista, cerca de 3.000 metros de comprimento, será capaz de operar com todas as aeronaves militares chinesas quando concluído. (CNES 2015, Distribuição Airbus)

Por Idrees Ali

WASHINGTON (Reuters) – A China praticamente finalizou a construção de quase duas dezenas de estruturas em ilhas artificiais no Mar do Sul da China que parecem projetadas para abrigar mísseis terra-ar de longa distância, disseram duas autoridades dos Estados Unidos à Reuters, o que foi considerado um teste precoce ao presidente norte-americano, Donald Trump.

O acontecimento deve levar muitos a questionarem se e como os EUA irão reagir, dadas suas promessas de endurecer com Pequim em relação ao Mar do Sul da China.

A China reivindica quase todas as águas, pelas quais circula um terço do comércio marítimo mundial. Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã também têm reivindicações no local. O governo Trump classificou a construção de ilhas chinesas no Mar do Sul da China como ilegal.

Construir as estruturas de concreto com tetos retráteis nos recifes de Subi, Mischief e Fiery Cross, parte da cadeia de Ilhas Spratly, onde a China já instalou pistas de voo de uso militar, pode ser considerado uma escalada militar, disseram as autoridades dos EUA nos últimos dias, falando sob condição de anonimato.

“Não é típico dos chineses construir nada no Mar do Sul da China só por construir, e estas estruturas lembram outras que abrigam baterias SAM, então a conclusão lógica é que são para isso”, disse um funcionário de inteligência norte-americano, referindo-se a mísseis terra-ar.

Outro funcionário disse que as edificações parecem ter 20 metros de comprimento por 10 metros de altura.

O porta-voz do Pentágono disse que os EUA continuam comprometidos com a “não-militarização do Mar do Sul da China” e pediu a todos os envolvidos que adotem ações consistentes com a lei internacional.

Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse nesta quarta-feira que está a par do relato, embora não tenha dito se a China planeja instalar mísseis nos recifes.

“A China realizar atividades normais de construção em seu próprio território, inclusive montando instalações de defesa territorial necessárias e apropriadas, é um direito normal de nações soberanas, segundo a lei internacional”, disse ele aos repórteres.

Na audiência no Senado em que foi confirmado no posto no mês passado, o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, provocou a ira da China ao dizer que Pequim não deveria ter acesso às ilhas que está construindo no Mar do Sul da China.

Mais tarde Tillerson suavizou a linguagem, e Trump reduziu ainda mais as tensões prometendo honrar a já antiga política de “uma China” endossada por seu país em um telefonema ao presidente chinês, Xi Jinping, no dia 10 de fevereiro.

 

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