Por Augusto Correa
O Ministério da Defesa do Reino Unido (MoD, na sigla original) identificou a cidade de Severodonetsk, na região de Lugansk, no leste ucraniano, como “uma prioridade tática imediata” da Rússia. Para acelerar a guerra, Vladimir Putin terá ordenado a mobilização dos tanques mais avançados da Rússia, os BMPT, conhecidos pela alcunha de “Terminator”, e que já vão no modelo BMPT-72, ou “Terminator-3”, na sigla em inglês.
“É muito provável que o único regimento de tanques de apoio BMPT operacional venha a ser mobilizada para Severodonetsk, eixo da ofensiva no Donbass”, refere o MoD, no relatório divulgado este domingo de manhã. O “Terminator” já terá sido visto na Ucrânia no dia 18, de acordo com relatos e vídeos nas redes sociais.
Fabricado pela Uralvagonzavod, o “Terminator” é o resultado do esforço russo de desenvolver tanques especializadas em combate urbano. Uma necessidade que ficou evidente durante a primeira guerra da Chechênia, na qual os veículos armados russos foram alvos fáceis para guerrilheiros chechenos escondidos em casas ou trincheiras, abaixo do ângulo de disparo dos tanques russos. Um problema resolvido na conceção do BMPT.
O “Terminator” foi concebido também, para trazer uma evolução, ou mudança pelo menos, no combate militar, sendo desenhado para substituir a infantaria que normalmente serve de guia aos veículos armados. Considerado um tanque de apoio, é usado como veículo de suporte a tanques mais convencionais, embora não seja fácil perceber como soldados no interior de um veículo fortemente armado conseguem substituir a infantaria no terreno.
Veículo de apoio, o “Terminator” está equipado com um duplo canhão automático que pode disparar 10 tiros de 30 mm por segundo. Armas que podem ser carregadas com diferentes tipos de munições( podem disparar balas perfurantes), para destruir outros tanques ou estruturas de concreto ou munições explosivas. Podem, até, disparar munições diferentes em cada um dos dois tubos ao mesmo tempo.
Segundo sites especializados, está também equipado como quatro mísseis teleguiados visíveis um de cada lado do duplo canhão na foto abaixo. Algumas versões contemplam dois lança-granadas e operam com uma tripulação de cinco pessoas, enquanto o outro modelo do “Terminator”, sem lança granadas, precisa apenas de três militares para funcionar.
Uma metralhadora giratória calibre 7.62 milímetros completa o arsenal ofensivo do “Terminator”. Equipamento de grande porte, e pesado (cerca de 30 toneladas), ele está equipado com alguns sistemas de defesa relevantes, além das armas. O modelo BMTP é revestido por uma armadura que explode para fora se atingido por um projétil, neutralizando o efeito de algumas granadas antitanque.
Tem também um lançador automático de granadas fumigenas, que garante proteção e camuflagem contra armas guiadas por infravermelhos.
O modelo mais recente do BMPT, o “Terminator-3”, vem equipado com um motor de 1.500 cavalos, quase o dobro dos 850 da primeira geração e uma evolução face aos mil HP do modelo intermediário, o “Terminator-2”. Têm uma transmissão automática e pode chegar aos 70 quilómetros por hora de velocidade máxima. Funcionam a diesel e têm uma autonomia máxima de 550 quilómetros.
Não é certo quantos tanques destes a Rússia tem em serviço. Sabe-se que, em 2021, foram acrescentados 10 ao regimento de veículos armados do Distrito Militar Central. Alguns analistas ocidentais consideram que a mobilização destes tanques é um indicador da frustração do Kremlin com o desenrolar da guerra. Do lado russo, acredita-se que a entrada em cena do “Terminator” mostra a grandeza do arsenal russo.
“A região de Severodonetsk é uma das prioridades táticas imediatas da Rússia. No entanto, com um máximo de 10 “Terminator” é improvável que tenham muito impacto na campanha”, considera o MoD. Outros especialistas, citados pela Rádio Europa Livre, consideram que a mobilização deste tipo de tanques para a região do Donbass, onde proliferam armas avançadas antitanque, é um risco também para a “invencibilidade” alimentada desde que os BMPT foram vistos pela primeira vez durante exercícios militares em 2017.
FONTE: JN Direto