O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, assinalou publicamente a seu exército como o primeiro alvo sul-coreano, em caso de aprofundamento do conflito, a ilha de Pennendo. Entretanto os especialistas duvidam de que a retórica belicista de ambos os lados do 38º paralelo se transforme em verdadeira guerra.
O jovem dirigente encarregou os combatentes norte-coreanos de “tirar fotos das tropas inimigas, tomadas pelo fogo durante a batalha, e enviá-las para o comando supremo. “Se acreditarmos nos comunicados oficiais, os coreanos de todas as profissões e idades declaram voluntariamente o desejo de “varrer da face da terra os provocadores na pessoa dos imperialistas americanos e seus aliados, inclusive o regime fantoche sul-coreano”. Em 11 de março, os norte-coreanos rasgaram o acordo de armistício, assinado no fim da Guerra da Coréia de 1950-53. Tudo isto é resposta às manobras conjuntas de grande envergadura dos sul-coreanos com os EUA com o nome de Foal Eagle que irão até 30 de abril. Paralelamente começaram as manobras Key Resolve na base de modelo de computador. Com isto em Washington salientam que as manobras anuais “têm caráter defensivo”.
Aliás, nem todos os especialistas acreditam no pacifismo americano. Na opinião do colaborador científico do Centro de Pesquisas Coreanas do Instituto do Extremo Oriente da Academia de Ciências da Rússia, Evgueni Kim.
“O agravamento da situação na região, onde estão presentes tropas americanas, dão, da melhor maneira possível, a possibilidade ao Pentágono de manter o orçamento militar. Este é um lado da questão. O segundo: cada vez que um novo líder na Coréia do Sul ou do Norte chega ao poder, surge o desejo de testar sua resistência ao estresse e ocorre o esfriamento das relações. Eu penso que todos terão inteligência suficiente para não levar as coisas a ações de guerra diretas. É claro que qualquer casualidade em tal situação pode levar a tiroteios, mas não haverá guerra. Eu penso que os americanos também não chegarão a operações de guerra na península coreana. Eles têm preocupações suficientes em outras regiões do globo terrestre. Tanto a Rússia com a China são categoricamente contra o aumento da tensão nessa região.”
Deve-se admitir que, por enquanto, os americanos demonstram determinação. Como declarou o assessor do presidente dos EUA para a Segurança Nacional, Thomas Donilon “”ninguém deve duvidar de que os EUA aplicarão todo o espectro de suas possibilidades para defesa contra as ameaças que a Coreia do Norte representa para nós e nossos aliados”. Os norte-coreanos, enquanto isto, seguem tenazmente sua linha, defendendo o direito ter armas nucleares. Elas servem de garantia para o regime governante norte-coreano contra tentativas de derrubá-lo de fora. Aliás, não se observa especial pânico também porque, por trás de Pyongyang, vê-se bem Pequim. O politólogo e orientalista Stanislav Tarassov considera:
“Na região asiática, a China está se tornando não apenas líder do mundo asiático, mas também da economia global. O centro de força e da política começa a mudar-se na direção asiática. Obama, no segundo mandato de sua permanência no poder, assinalou esta direção como principal vetor da política externa dos EUA. Naturalmente que os americanos começam a fortalecer lá sua presença militar. Tentam criar um centro econômico paralelo. Na península coreana revela-se em miniatura o complexo de problemas entre os EUA e a China.”
Neste verão a península comemora o 60º aniversário do término da guerra da Coréia. Desde então, nas duas Coréias mudaram várias gerações de líderes e cada seguinte foi refém da anterior. A atual crise somente demonstrou que a paz real ainda está muito e muito longe, tal como Stanislav Tarassov assinala:
“Nações divididas cedo ou tarde se unem. Mas para a Coréia isto será muito complexo. Apesar de etnicamente ser o mesmo povo, são pessoas totalmente diferentes. A longa permanência em sistemas diferentes forma personalidades totalmente diferentes. O processo de união terá um caráter a longo prazo.”
Ao mesmo tempo, resta a esperança de que a paz seja alcançável. Kim Jong-un, de 30 anos de idade, apesar de expressar fidelidade à causa do pai e do avô, decidiu-se ainda assim a fazer algumas concessões. A atual presidente sul-coreana, Park Geun-hye, usa expressões fortes em relação à Coreia do Norte, mas faz isto mais pelo cargo do que por convicção. Os coreanos, sem dúvida nenhuma, estão cansados do confronto. Mas do que isto, o mais provável é que as elites locais também estejam cansadas. Consequentemente, se não os filhos, pelo menos os netos dos atuais habitantes da península coreana quase de certeza que serão testemunhas de mudanças revolucionárias no diálogo entre os coreanos.