Às 04:02 horas da quinta-feira, 8 de novembro, ocorreu um acidente marítimo fora do terminal de petróleo de Hjeltefjord. Navegando a 17 nós, a fragata norueguesa “Helge Ingstad” colidiu com o navio-tanque “Sola TS” de 100.000 toneladas e 250 metros de comprimento. Abaixo está uma tradução comentada do registro das mensagens transmitidas por rádio entre os navios e as instalações envolvidas nos eventos.
“Fedje VTS” é o centro responsável pelo controle dos movimentos dos navios no tráfego denso do fiorde. O petroleiro “Sola TS”, logo após deixar o terminal, pede para ser informado sobre um navio que está entrando e está indo em direção a ele e obtém a resposta 10 segundos depois:
– Não, é um … Eu não tenho nenhuma informação sobre isso. Ele não comunicou nada. Eu tenho na tela, mas eu não tenho informações sobre ele não … ok? O rádio fica em silêncio por 43 segundos. O radar não apenas dá ao centro de controle a imagem do contato desconhecido, mas também sua velocidade: ele avança a 17 nós. Ao mesmo tempo, o “Sola TS” chegou a 7 nós. Ambos os navios navegam em rota de colisão. O petroleiro pede novas informações e o centro responde:
– É possível que seja a fragata “Helge Ingstad”. Vem do norte e é possível que esteja entrando …
Nesse momento, falta um minuto e meio para a colisão. O “Sola TS” pergunta pelo rádio se é o “Helge Ingstad” que está indo em direção a ele. A Fragata confirma 5 segundos depois. O petroleiro diz para a fragata:
– Guine a estibordo rapidamente!
A resposta da fragata é:
– Estou muito perto das rochas.
– Guine a estibordo. Você pode…!
Há 7 segundos de silêncio de rádio até a Fragata falar novamente:
– Eu vou guinar alguns graus para estibordo quando cruzarmos … para estibordo.
O petroleiro lança uma nova mensagem:
– “Helge Ingstad”: Você tem que fazer alguma coisa. Está chegando muito perto!
A mensagem é seguida por mais 15 segundos de silêncio. Então, o navio tanque fala novamente:
– “Helge Ingstad”! Guine para estibordo!
E 3 segundos depois, ele insiste:
– Nós vamos ter uma colisão!
E fala novamente 15 segundos depois:
– Foi um navio de guerra. Eu bati nele.
Depois disso, o contato com o “Helge Ingstad” é esporádico. A Fragata informa o centro de controle:
– Eu dei o alarme. Eu tentando controlar a situação.
“Fedje VTS” responde:
– Ok. Informe-me o mais breve possível.
A Fragata se move em direção à costa a 5 nós. Após 7 minutos do colisão, outro navio afirma ter ouvido a fragata dizer:
– Temos um problema. Nós atingimos um objeto desconhecido. Estamos sem propulsão.
O “Fedje VTS” diz:
– Eu entendo que “Helge Ingstad” colidiu com o “Sola TS” e avança para a costa sem propulsão. Sofreu danos?
Pouco depois, a fragata responde:
– Estamos fazendo o que podemos, mas precisamos de ajuda urgente.
Imediatamente o rebocador “Ajax” é enviado para ele, que se manifesta a ter problemas para encontrar a Fragata, que e envia uma nova mensagem:
– Estamos muito danificados, precisamos de ajuda imediata.
Outro navio, o “Tenax”, informa o centro de controle:
– Vimos uma luz brilhante no lado da fragata. Tem um buraco na sala de máquinas.
A Fragata transmitiu o “mayday” 15 minutos depois de sua colisão com o “Sola TS”. O navio-tanque sofreu apenas danos na prôa a estibordo e no bulbo.
O analista dessas mensagens adiciona os seguintes comentários a título pessoal
O “Sola TS” deixou o terminal de petróleo em baixa velocidade e escoltou por um rebocador, enquanto o “Helge Ingstad” entrou no fiorde percurso oposto e a 17 nós. Ao irem em rota de colisão, ambos os navios deveriam ter guinado para estibordo, mas nenhum fez. O petroleiro tinha outros três navios perto ao seu lado por estibordo, e a fragata disse que estava muito perto das rochas. Nenhum deles diminuiu a velocidade. Um petroleiro de 100.000 toneladas não tem freios com ABS e leva muito tempo para parar, e a fragata, aparentemente, continuou navegando a 17 nós até a colisão. Por outro lado, em águas restritas, existe uma regra básica: a preferência é do maior navio, que tem capacidade de manobra limitada.
O comandante da “Helge Ingstad” não seria o primeiro a ver a noite um conjunto de luzes de navegação e achar que tem espaço suficiente para passar perto da embarcação a que pertencem, mas encontra a surpresa de sua vida ao descobrir que essas luzes são de um navio tanque com 250 m de comprimento não iluminado.
É claro, então, que a fragata aparece navegando dentro do fiorde com velocidade excessiva. Estava com o AIS (Identificação Automática Sistema) desligado, apesar de ser obrigatório para navios com mais de 25 metros de comprimento em águas controladas. Não há desculpas: se você navegar naquelas condições, você é responsável pelo que pode acontecer.
A carreira do comandante está tão afundada quanto sua fragata.
NOTA DO EDITOR: Recebemos esta análise de um colaborador do DAN que a encontrou disponível na internet (em espanhol), porém, não soube nos informar a fonte. Devido a importância da análise, decidimos publicar.