Por Joana Azevedo Viana
Sob o novo conceito de defesa civil, que deverá ser aprovado esta quarta-feira pelos ministros da chancelaria de Angela Merkel, os cidadãos alemães são aconselhados a armazenarem comida suficiente para dez dias e água para cinco – dois litros diário por pessoa – porque um potencial desastre poderá impedir o acesso imediato aos serviços de emergência nacionais.
O novo conceito de proteção civil surge delineado num documento do Ministério do Interior com 69 páginas, divulgado esta segunda-feira pelo jornal alemão “Frankfurter Allgemeine”, que deverá ser aprovado pelo gabinete da chanceler. No documento, lê-se que “um ataque ao território alemão é improvável” mas que a possibilidade de uma grande ameaça à segurança nacional não pode ser excluída.
A um grupo de crianças de uma escola alemã, o ministro do Interior Thomas de Maiziere explicou esta segunda-feira que o país deve estar preparado para reagir caso as suas reservas de água e comida sejam envenenadas ou caso as rotas de abastecimento de gás e petróleo sejam interrompidas.
O passo está a ser criticado por vários membros da oposição, com o líder parlamentar do partido Die Linke, Dietmar Bartsch, a dizer que este tipo de propostas “pode destabilizar completamente as pessoas”.
Apesar de admitir que o código de defesa civil, alterado pela última vez em 1995, precisa de ser atualizado, o vice-presidente da bancada d’Os Verdes sublinhou que o Governo deve manter a cabeça fria. “Não consigo antever qualquer cenário de ataque que justifique o armazenamento de bens pela população”, referiu Konstantin von Notz.
A Alemanha tem em vigor desde a Guerra Fria um código de defesa civil sob o qual foram construídos cerca de dois mil bunkers e abrigos na Alemanha Ocidental com recurso a fundos federais — na ex-Alemanha de Leste os comunistas criaram a sua própria rede de bunkers. De acordo com a lei em vigor, nenhum desses abrigos, criados em garagens, escolas e outros locais, pode ser convertido noutro tipo de edificação.
Desde essa altura que o país mantém stocks de comida armazenados em locais secretos, que são regularmente atualizados e renovados. No caso de um desastre, a lei dita o racionamento destes bens através de um sistema de vales de comida e de combustível, gerido pelos serviços de emergência estatais.
NOTA DO EDITOR: Mas afinal, o que assusta os alemães? Essa atitude, se levada adiante, mostra claramente que o governo alemão teme um ataque (terrorista?). Esse temor estaria atrelado a entrada de refugiados oriundos da Síria? A possibilidade de no meio dos refugiados, existirem terroristas infiltrados, é uma possibilidade real. Talvez o governo alemão esteja certo, afinal, como diz o ditado popular: “Gato escaldado tem medo de água fria”!
FONTE: Expresso