A Rússia avança no Mar Vermelho

Serguei Lavrov Foto: Sputnik

Por Pedro Martins

No dia 31 de agosto, o Ministro das Relações Exteriores da Federação Russa, Serguei Lavrov, anunciou a construção de uma base naval logística na Eritreia, quando visitava este país. Apesar de não ter dado detalhes acerca do prazo e da localização dessa instalação, Lavrov argumentou que o projeto aumentaria o fluxo econômico entre os dois países.



Esse é apenas o mais recente episódio de um esforço russo para aumentar seus laços políticos, econômicos, culturais e militares com os países africanos. Em março deste ano, por exemplo, Lavrov assinou diversos acordos econômicos, de cooperação técnica e militar com Angola, Namíbia, Moçambique, Etiópia, Zimbábue e República Centro Africana.

No que se refere à construção da sua segunda base naval fora do espaço da antiga União Soviética (a primeira é Tartus, na Síria), a escolha do país não é mera formalidade: o país está estrategicamente localizado no Mar Vermelho, importante rota comercial e constante alvo de ataques piratas, o que fez com que países como China, Estados Unidos, França, Japão, Itália e Arábia Saudita estabelecessem bases no vizinho Djibouti, localizado no estreito de Bab El-Mandeb, importante choke point entre o canal de Suez e o Oceano Índico.

Ilustração horndiplomat

Uma vez finalizada, o novo empreendimento militar russo poderá fornecer suporte para os navios do país que participam das missões antipirataria em vigor, bem como auxiliar na projeção de Moscou na região. Para o governo da Eritreia, a construção é uma forma de romper com o seu isolamento internacional no contexto da resolução do seu conflito com a Etiópia, o que pode indicar, também, o fim do embargo imposto pelas Nações Unidas ao país.

O anúncio da construção da base naval logística na Eritreia é o mais recente episódio do avanço russo em direção à África. Nesse sentido, cabe observar como se dará um possível aumento da presença de Moscou no continente africano, tendo em vista a presença de outras potências que também têm como objetivo projetar poder no chifre da África.

FONTE: Boletim Geocorrente


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