À medida que a China vai desenvolvendo a sua competição militar com os EUA, um desenvolvimento em prazos relativamente curtos por parte de Pequim de meios para combater os grupos de ataque de porta-aviões começa a ter cada vez mais importância. Contudo, na maioria das áreas de desenvolvimento do seu potencial de combate contra porta-aviões, a China ainda está longe de alcançar a URSS.
A componente principal das forças soviéticas de combate contra porta-aviões eram as divisões de bombardeiros Tu-22M2 e Tu-22M3 com mísseis de cruzeiro X-22. Esses aviões representavam o pico do desenvolvimento da aviação naval soviética equipada com mísseis. Contudo, uma operação para destruir um grupo de ataque de porta-aviões exigia a aplicação simultânea de, pelo menos, uma divisão da aviação naval porta-mísseis.
Cada divisão era composta por cerca de 90 aviões. Isso é muito mais que o total de bombardeiros H-6 de que dispõe toda a aviação naval do Exército de Libertação Popular da China e é comparável ao seu número total nas Forças Armadas chinesas.
Mesmo em caso de sucesso no uso de uma divisão, as suas baixas seriam muito elevadas. As previsões apontavam para perdas na ordem de metade da sua força; alguns aparelhos que, por exemplo, realizassem o reconhecimento final do alvo e o apontamento de precisão para os mísseis, estariam condenados a perecer com as suas tripulações ainda na fase de planejamento do ataque.
O êxito do ataque dependeria de uma série de fatores, em primeiro lugar da obtenção de dados fiáveis sobre a localização do alvo. Essas tarefas seriam realizadas com recurso a aviões de reconhecimento Tu-95RTs e ao sistema de apontamento por satélite Legenda.
Contudo, os aviões de reconhecimento eram vulneráveis e o sistema de satélites não era muito fiável. Por isso, em tempos de paz, cada grupo de ataque de porta-aviões norte-americano era seguido por um navio de superfície que realizava a observação visual e transmitia em permanência as coordenadas do adversário. Em caso de abertura das hostilidades deveria provocar o máximo de danos ao porta-aviões até à sua própria eminente destruição.
As ações da aviação naval porta-mísseis deveriam ser coordenadas com ataques ao porta-aviões por parte de cruzadores porta-mísseis e de submarinos nucleares equipados com mísseis de cruzeiro pesados. No total, isso criava uma expectativa bastante elevada de superação do sistema de defesa do porta-aviões e da sua destruição.
Contudo, os cruzadores porta-mísseis e especialmente os submarinos nucleares também eram considerados como classes de armas de custo extremamente elevado. As forças chinesas destinadas a dissuadir uma potencial ingerência norte-americana nos possíveis conflitos que ocorram na Ásia, apesar de alguma semelhança de estratégias, são diferentes das soviéticas.
A China não possui nem cruzadores porta-mísseis, nem submarinos nucleares equipados com mísseis de cruzeiro supersônicos pesados. A quantidade de bombardeiros porta-mísseis de longo alcance existente à disposição da marinha chinesa é irrelevante.
A força de ataque da aviação naval chinesa é em grande parte composta por caças e bombardeiros táticos equipados com mísseis ar-superfície relativamente ligeiros. O objetivo dessas forças deve estar limitado à primeira cintura de ilhas e águas adjacentes junto a Taiwan, o que permite abdicar de construir uma enorme frota de bombardeiros pesados.
A China tem agora um novo tipo de arma – os mísseis balísticos anti-superfície, mas as suas reais capacidades ainda são um mistério. A marinha chinesa também está a ser ativamente reforçada com submarinos de propulsão convencional.
Os EUA estão enviando recursos consideráveis para fazer face à estratégia chinesa. Um dos resultados poderá ser o aumento das capacidades dos sistemas antiaéreos dos destacamentos navais norte-americanos. Como uma estratégia eficaz para contrapor à China também está a ser estudada a possibilidade de bloqueio das vias estratégicas de comunicação marítimas. Uma aposta nos mísseis balísticos anti-superfície como a solução para todos os males é demasiado perigosa.
Provavelmente a marinha chinesa terá, numa determinada altura, de fazer uma escolha estratégica do seu caminho de desenvolvimento.
Fonte: Voz da Rússia